A MAÇONARIA: PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS




O que é a Maçonaria.

A Maçonaria é, pois, uma Ordem iniciática e ritualista, universal e fraterna, filosófica e progressista, baseada no livre -pensamento e na  tolerância, que tem por objetivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária. 

Não aceita dogmas, combate todas as formas de opressão, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma Moral Universal e pelo respeito da personalidade de cada um, e considera o trabalho como um direito e um dever, valorizando igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual. É uma Ordem no duplo sentido: de instituição perpétua e de associação de pessoas ligadas por determinados valores, que perseguem determinados fins e que estão vinculadas a certas regras e regulamentos. 

É iniciática, porque, como adiante veremos, só pode nela ingressar quem se submeta à cerimónia da iniciação, verdadeiro batismo maçónico, que significa, literalmente, começo, e simboliza a passagem das trevas à «luz». 

É ritualista, porque as suas reuniões ou trabalhos, como também veremos mais adiante, obedecem a determinados ritos — conjunto de formas — que traduzem, simbolicamente, sínteses de sabedoria, remontando aos tempos mais recuados. 

É universal e fraterna, porque o seu fim último é a fraternidade universal, ou seja, o estabelecimento de uma única família na face da terra, em que os homens sejam, como no seio da Ordem, verdadeiramente irmãos, sem qualquer distinção de raça, sexo, religião, ideologia e condição social. 
O seu pendor internacionalista não afeta a realidade da Pátria e da Nação
Como escreveu Fernando Pessoa, «a Nação é a escola presente para a Super-Nação futura». 

Amar a Pátria e a Humanidade é outro dos deveres dos maçons. No final das reuniões é sempre dada a palavra a quem dela queira usar «a bem da Pátria e da Humanidade». 

É filosófica, porque, ultrapassada a fase operativa (corporações de arquitetos e construtores medievais), transformou -se, a partir dos alvores do séc. XVIII, numa associação de caráter especulativo, procurando responder às mais profundas interrogações do homem. 
Conserva, contudo, o vocabulário, os utensílios e a simbologia dos construtores dos templos. Afinal, o fim último da Maçonaria é, como vimos, a construção de um homem novo e de uma sociedade nova. 
Por isso, todos os seus ritos assentam na ideia de construção e são baseados na geometria, a mais nobre das artes, porque só ela permite compreender a medida de todas as coisas. 
Assim se justifica que a régua, o esquadro e o compasso continuem a ser instrumentos privilegiados do pensamento maçónico

É progressista, porque visa o progresso da Humanidade, no pressuposto de que é possível um homem melhor numa sociedade melhor. 
Encurtar as desigualdades e reduzir as injustiças sociais é um dos seus objetivos, através da elevação moral e espiritual do indivíduo. Porém, a Maçonaria não é uma instituição política e, muito menos, partidária. 
Está acima de todos os partidos e fações, coexistindo nela pessoas das mais diversas sensibilidades, crenças e ideologias. 

A política que pratica é a política no verdadeiro sentido da palavra: a «polis», como forma de servir a sociedade. 

A Maçonaria é, assim, um espaço de diálogo e de tolerância. 

A sua influência no mundo profano não se exerce diretamente, pois não estabelece diretivas nem impõe qualquer tipo de intervenção concreta, mas apenas indiretamente, através do exemplo, da pedagogia e da influência individual dos seus membros nos locais onde exercem a sua atividade: no emprego, nos partidos, nas organizações cívicas e sociais. 

Na linguagem simbólica que utiliza, o seu propósito é transformar a «pedra bruta» na «pedra cúbica», a fim de «construir o templo», ou seja, fazer com que o indivíduo, egoísta e isolado, se transforme num ser social e fraterno, cidadão de pleno direito e parte inteira, irmão de todos os homens e mulheres

É livre‑pensadora, porque não aceita dogmas, pratica a tolerância e respeita a liberdade absoluta de consciência. O maçon tem o direito de examinar e de criticar todas as opiniões e de discutir todos os problemas, sem quaisquer peias ou limitações. A Maçonaria é antidogmática, tanto no aspeto político, como religioso ou filosófico. 

A política e a religião pertencem ao foro íntimo de cada um e não podem ser discutidas, salvo nos termos genéricos acima referidos, para não abalar a união do povo maçónico, pois, como se disse, a instituição congrega pessoas de todas as crenças ou sem crença nenhuma, e de todas as ideologias não totalitárias.

Imprensa da Universidade de Coimbra Coimbra University Press

Comentários