Existe um relato na história do Egito Antigo que pode ter servido de base para a Lenda de Hiram.
Deir el-Medineh era uma aldeia do Antigo Egipto onde residiam os artesãos que construiram os templos e os túmulos dos faraós e de outros dignitários no Vale dos Reis durante a época do Império Novo.
Um dos túmulos dessa vila possui uma legenda que diz respeito ao assassinato do Mestre-principal nomeado pelo Faraó Amenmesse, chamado Neferhotep, por um trabalhador que queria usurpar a sua função.
Esse trabalhador, um subordinado, chamava-se Paneb, e já havia cometido outros crimes anteriormente (Ostraca nº25521 do Museu do Cairo).
De acordo com o papiro nº124, o Mestre-principal Neferhotep está registrado na lista de trabalho em pedra e há em um período mais tarde o registro da ausência do Mestre-principal no trabalho, o que atrasou uma grande obra. Essa história pode ser vista em mais detalhes na obra de Jac Janssen, “Amenmesse e a cronologia da XIX dinastia” e “Dez estudos na história e na administração de Deir EL-Medina”, (Egyptologische Utigaven 11), Leiden; 1997, pp.99-109.
Creio que esse fato deve ter marcado a cultura dos construtores. Um subordinado assassinando seu Mestre, desejoso de assumir seu posto, foi algo tão relevante que garantiu seu registro em ostraca, papiro e no túmulo do Mestre-Principal.
É evidente que isso se tornou uma lenda entre os construtores, transmitida também aos judeus que aprenderam o ofício, e que mudaram o nome do Mestre para Hiram.
Como é de nosso conhecimento, o povo judeu permaneceu por incontáveis anos como escravo no Egito.
Por essa relação duradoura com a cultura egípcia, muitas das lendas e histórias egípcias foram incorporadas às judaicas. Outra civilização que influenciou muito nas lendas e histórias judaicas foi a civilização suméria, que também teve sua cultura refletida no Cristianismo e no Islamismo.
O pesquisador Jean-Pierre Bayard, autor da obra “História das Lendas”, trata com muita propriedade sobre o assunto, comprovando que as lendas se perpetuam, mudando apenas de lugar e nome dos personagens.
Um exemplo claro é da história da Arca de Noé, que consta no Antigo Testamento, em Gênesis, e é datada de 1.500 a.C. Ela é muito similar à história da Epopéia de Gilgamesh, de origem babilônica, e data de 2.500 a.C.
Outro exemplo interessante é o de Moisés. Ele nasceu e foi colocado numa cesta no rio para evitar um infanticídio e foi encontrado por uma princesa. O mesmo, de forma idêntica, ocorreu com Sargão, fundador do Império Acádio, em 2.200 a.C. Moisés recebeu de Deus os 10 Mandamentos registrados em uma Pedra.
Já no Egito Antigo, Mises tinha registrado nas pedras as 10 regras que Deus lhe disse.
Essas 10 regras constam no Livro dos Mortos, e suas 03 primeiras regras são: “nunca roube; nunca mate; nunca minta”. Muito parecidas com o “não roubarás; não matarás; não levantarás falso testemunho” de Moisés.
Aliás, até o nome parece ter sido copiado: Mises e Moisés.
Enfim, a cultura do Egito Antigo, sem dúvida alguma serviu como base para a teologia judaica-cristã.
Uma teoria defendida pelos pesquisadores maçons Christopher Knight e Robert Lomas, que vem conquistando muitos adeptos e estudiosos entre as Colunas de nossos Templos, é a de que a Lenda de Hiram também se enquadra entre as tantas de origem judaica que foram inspiradas em histórias egípcias.
No livro “A Chave de Hiram”, os autores apresentam a história do Rei Seqenenre Tao II, Rei do Alto Egito a 1.500 a.C., cuja múmia apresenta ferimentos mortais que se encaixam perfeitamente com os golpes que Hiram Abiff recebeu de seus assassinos.
O mais interessante é a descrição de Ian Wilson, em “The Exodus Enigma”, sobre a múmia de Seqenenre Tao II.
Essa descrição também se encaixa perfeitamente com nossa Lenda de Hiramm, em todos os aspectos.
Um detalhe interessante é que Seqenenre é a única múmia de rei que levou fim violento.
Mais do que natural que se tornasse uma Lenda. “Quando em Julho de 1881 Emil Brugsch descobriu a múmia do Faraó Ramsés II, no mesmo nicho estava outro corpo real, pelo menos 300 anos mais velho que o de Ramsés. De acordo com as marcas esse era o corpo de Seqenenre Tao II, um dos senhores nativos do Egito forçados a viver no extremo sul de Tebas durante o período dos hicsos, e como era patente até para os olhos menos treinados, Seqenenre havia encontrado um fim violento. O centro de sua testa havia sido afundado… outro golpe havia fraturado a órbita de seu olho direito, o lado direito de seu maxilar e seu nariz. Um terceiro golpe havia sido dado atrás de sua orelha esquerda, quebrando o mastóide até a primeira vértebra do pescoço. Era aparente que em vida tinha sido jovem alto e elegante com cabelos negros encaracolados, mas a expressão fixa em sua face mostrava que havia morrido em agonia. Após a morte parece não ter sido bem cuidado, pois seu corpo tem todos os sinais de haver sido abandonado por algum tempo antes da mumificação. Registros egípcios são silenciosos quanto à morte de Seqenenre, mas quase certamente foi pelas mãos dos hicsos/canaanistas. Os terríveis ferimentos no crânio de Seqenenre foram causados por pelo menos duas pessoas atacando-o com uma adaga, um machado, uma lança e possivelmente um maço.”
Essa descrição também se encaixa perfeitamente com nossa Lenda de Hiram, em todos os aspectos. Um detalhe interessante é que Seqenenre é a única múmia de rei que levou fim violento. Mais do que natural que se tornasse uma Lenda.
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