AS VIAGENS DO GRAU 18


O Candidato pratica três viagens que dentro do cerimonial são denominadas de: viagem da Fé, da Esperança e da Caridade. 

Há um fundo musical. 

Na primeira viajem, são dadas com os Neófitos três voltas pelo Templo. 

Durante as voltas são proferidas sentenças absurdas, numa demonstração de que a sugestão profana, muitas vezes, pode penetrar nos Templos Maçônicos e que nem tudo o que se afirma dentro de Filosofia é verdade. 

O 1º Vigilante diz: "Creio na existência de dois deuses: um branco e bom; outro negro e cheio de maldades". Já a crença em dois deuses é uma demonstração do absurdo, porque o Neófito não é um profano, mas sim, alguém que já possui elevados conhecimentos maçônicos. 

A primeira reação do Neófito é de espanto, pois, a afirmação lhe causa um impacto; não pode contestar e nem sequer tem tempo para refletir, eis que ouve a segunda sentença. 

Diz o 2º Vigilante: "Creio em Brahma, que gerou a Trimurti; Brahma o criador; Vishnu, conservador; Shiva o destruidor". 

O espanto aumenta vez que, o Neófito ouve algo que lhe causa maior confusão, ainda. 

Como pode ouvir tal disparate se o Grau 18 é essencialmente cristão? 

Mas, sem ter tempo para retrucar, ouve a terceira sentença proferida pelo Orador: "Creio na transmigração das almas". 

E a voz do Secretário acrescenta: "Adoremos o Sol, a Lua, as Estrelas porque são deuses." 

O Neófito, que acompanha atônito o desenrolar do cerimonial, não sabe o que fazer; confundido, tenta refazer-se, quando o Hospitaleiro afirma: "O recém-nascido, morto sem batismo, está para sempre condenado". 

Essa sentença parecerá ao Neófito um retorno brusco às crenças populares cristãs; tenta lembrar-se de que lhe disseram da existência de um Limbo, onde iriam os recém-nascidos sem batismo. 

Mas ao final da segunda volta, o Tesoureiro diz: "O Rei é Deus; nós somos seus escravos".

A que Rei estaria se referindo o Tesoureiro? 

O Rei dos Judeus, Nosso Senhor Jesus Cristo? 

Mas por que está mencionando-se a escravidão? 

No meio de terceira volta, retorna o 1ºo Vigilante a sentenciar: "O Papa é infalível". 

Reacende-se na mente do Neófito a discussão da infalibilidade dos papas, as lutas religiosas, os dogmas e quando tenta colocar em ordem sua mente confusa, o 2o Vigilante afirma: "Maomé é infalível"

O Orador, ao encerrar a terceira volta, pronuncia com firmeza as seguintes palavras: "O fogo é Deus. Façamos estátuas de madeira e adoremolas". 

Após o término da terceira volta, o Mestre de Cerimônias conduz, o Neófito até o topo da Coluna da Pé e manda que leia a palavra que nela está colocada, em voz alta. 

Somente então é que o Neófito percebe que as palavras absurdas ouvidas representam a fé dos homens, as crenças facilmente aceitas, as doutrinas exóticas facilmente seguidas. 

Lida a palavra em voz alta, o Sapientíssimo esclarece ao Neófito sobre a crença dos homens e concita-o a esperar por uma nova Fé inspiradora. 

À primeira viagem foi dado o nome de Fé, porque a Fé se tem prestado aos maiores absurdos; enquanto existe Fé, há o perigo constante da superstição; aceitar uma verdade fabricada pelos homens, dourando-a para que seu aspecto se torne aceitável, é permanecer sem Lei e sem Verdade. 

A fé é uma Coluna de Câmara; sua existência não pode ser posta em dúvida e ela, realmente, alimenta o espírito, porém quando se trata da Fé raciocinada, iluminada pela razão, fruto da elaboração mental, à luz da presença do Senhor dos Mundos. 

A Fé elabora a Esperança. 

A segunda viagem: consiste em o Neófito dar uma volta completa dentro do recinto da Câmara colocando-se frente à Coluna onde está escrita a palavra Esperança que ele lê, em voz alta. 

O homem jamais se sentirá plenamente satisfeito com o que possui e com o que sabe. 

O desconhecido é por demais atraente. 

Quase todos os grandes feitos heróicos têm as suas raízes na curiosidade; é obedecendo ao impulso de saber que o homem se torna arrojado. 

A Esperança sempre alimentará o Maçom para um novo passo. 

São 33 as fases ou estágios que o Maçom procura alcançar. 

Passo a passo, sobe degrau por degrau uma Escada cujo topo imagina alcançar vislumbrando poder, posição hierárquica e sobretudo, conhecimento. 

A busca incessante da Verdade é o que alimenta o ideal e só por meio da Esperança poderá o Neófito sentir o poder da Fé. 

Dia mais, dia menos, saberá o que existe no topo do último degrau! 

A terceira viagem: é feita sob o signo da Caridade. 

O Evangelho de Jesus tem sólido ensinamento na Caridade que é compreendida em seus três aspectos: 

-a Caridade no conceito de doar; 

-a Caridade com amor e

-a Caridade como obediência à Vontade de Deus. 

"Mais bem-aventurado é dar que receber", um dos áureos ensinamentos de Jesus. 

A dádiva não abrange somente a riqueza, mas todo o desprendimento. 

A dádiva mais preciosa é aquele de quem se dá a si mesmo para uma causa justa. 

A dádiva não é exclusivamente, material ou sentimental; 

quem se propõe obedecer à Vontade de Deus, abrindo mão de uma pretensa liberdade (livre-arbítrio) e sentir o prazer de entrar em Harmonia com o Criador, está em Caridade permanente. 

Conhecer qual seja a Vontade de Deus é conhecer um dos mais profundos Mistérios espirituais. 

A Caridade tem sido interpretada de múltiplos modos e formas. 

Há o aspecto religioso que propala do desprendimento de quem oferece preces em benefício dos mortos. 

Há quem faz trabalho social, auxiliando quem sofre. Há o aspecto intelectual que busca desbravar a ignorância, alfabetizando, educando e instruindo. 

Enfim, o conceito de Caridade comum e convencional não é o conceito maçônico de Caridade. 

O Cavaleiro Rosa Cruz, quando Neófito, compreenderá durante a terceira viagem o significado real da expressão Caridade; o Ritual apresenta-se rico em ensinamentos para uma adequada compreensão do que seja a Caridade Maçônica.

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