Embrião da ideia, esboço de um pensamento, portadora de senso pula-verba volant-de bocas aos ouvidos.
Construa ou derrube, incentive ou desanime, empurre ou prende, excite ou acalme, acaricia ou bate...
Tudo se quebra com uma palavra ferida, destempada, desabrida, extemporânea...
Ou se ajeita com a gentil, sincera palavra de carinho e afeto ou a franca e medida na prancha, na circulação após a sua leitura; a que entre maçons constrói a quem a recebe e mantém a harmonia, pule a pedra trazida para a oficina e a ajusta no seu lugar.
A palavra é perigosa.
Lançada com descaso, impossível já de recuperar, fere como o dardo de Lázaro Carreter.
Tão perigosa que Maurois aconselhava que os dicionários carregassem uma vitola com a legenda: "Perigo. Dirija com cuidado".
A palavra mostra o interior da pessoa, a luz que o guia, a riqueza dos seus sentimentos e a prudência das suas opiniões.
Com a palavra polimos as arestas da nossa relação e as afiamos, porque, ao contrário do machado, com o seu uso exato não se embota, senão que chega mais fundo, direta ao coração.
A palavra é a medida do pensamento, capacho sobre o qual desdobrar as ideias, suporte de desejos e ilusões que enraiza na mente dos que a ouvem fazendo crescer neles quando é gentil, ou batendo-lhes quando está fora do lugar.
A palavra, quando funciona como a argamassa, une e fixa as pedras da oficina...
...quando inacabada, dupla, sobreentendida, grossa, irônica, injuriosa... bate metálica com a imperícia do operário descuidado ou imprudente.
A palavra é também silêncio, quando falar é redundância, acrescentar algo ao já dito sem trazer nada de novo, então falar é sobrecarregar a obra. Se a palavra a tempo constrói, a destempo, repetida, faz barroca a obra.
A palavra circula entre colunas, do Norte ao Sul, permitindo a cada trabalhador trazer a sua pedra, passando do silêncio interior do aprendiz para o exterior do C.·. ou do M.·..
Passa do diálogo medido, mesurado da reflexão para a expressão Externa da ideia que bate na pedra, para chegar ao Oriente, onde coloca cada pedra no seu lugar.
A palavra cria quando responde à verdade, a esse sentimento que impulsiona a melhora pessoal... ...quando é Boa, porque ajuda a expressar o compromisso de melhora...
...e quando é necessária, porque traz algo não dito, algo novo.
Se não, é ruído, lucros pessoais, soberba, histrionismo que cansa e enaltece o trabalho de todos os operários.
Tomado do Blog Maçonaria Humanista de ′′Le Droit Humain′′
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