Quanto aos números quadrados, se por um lado é imediato reconhecer que são alternativamente pares e ímpares (1, 4, 9, 16, 25, …), por outro observamos que eles possuem propriedades extremamente significativas:
a) Traçando uma paralela à diagonal de um quadrado, ela o divide em dois triângulos consecutivos.
Portanto a soma de dois triangulares sucessivos é igual a um número quadrado. Por exemplo, o número quadrado 9 decorre da soma dos dois triangulares 3 e 6.
b) Qualquer número quadrado pode ser obtido acrescentando ao número anterior um esquadro composto de uma quantidade ímpares de pontos. No exemplo seguinte, acrescentando ao número quadrado 4 um esquadro de 5 pontos obtemos o número quadrado 9.
O esquadro é um dos símbolos fundamentais não só da Maçonaria como também do Hermetismo.
Isso é comprovado pela existência de um importante texto hermético, publicado em 1618, cujo frontispício apresenta junto a um símbolo hermético (o Rebis) um esquadro e um compasso.
As analogias entre a Maçonaria e o Hermetismo não podem ser consideradas casuais devido às duas Instituições terem a mesma finalidade, ou seja a grande obra de transmutação dos seres humanos.
Essa grande obra nada era se não a Arte Sagrada da edificação espiritual onde o “desbaste da pedra bruta” do indivíduo tinha uma profunda analogia com os cânones da arquitetura sagrada.
Destarte, os instrumentos maçônicos (esquadro, compasso, etc.) tinham e ainda tem um valor puramente simbólico sendo que à Arte Sagrada correspondia o segredo arquitetônico dos construtores das grandes catedrais medievais.
De regra os números triangulares são diferentes dos quadrados, mas o 36 é o primeiro número linear a ser contemporaneamente triangular e quadrado; além disso o 36 representa o valor da tetraktys de Plutarco composta mediante os primeiros quatro números ímpares e os primeiros quatro números pares da década, ou seja:
Na sequência dos números lineares qualquer um pode verificar que o único terno de números consecutivos onde a soma dos primeiros dois é igual ao terceiro é 1, 2, 3. Pitágoras, fascinado pela característica desse terno que, como já vimos, simboliza a epifania da divindade no âmbito dos números lineares (monodimensionais), procurou uma propriedade análoga nos números poligonais (bidimensionais ou superficiais).
Ele demonstrou que entre todos os polígonos apenas os quadrados permitem a solução desse problema cujo resultado é constituído pelo terno 3, 4, 5 ou seja 3²+4² = 5² (teorema de Pitágoras).
Os números desse terno são também os comprimentos dos lados do triângulo egípcio que é o mais simples dos triângulos retângulos cujos lados são números inteiros.
O triângulo egípcio se apresenta, portanto, como a manifestação da epifania no campo dos números poligonais: nesse âmbito o número cinco, representado pelo pentagrama (ou Estrela Flamejante), toma o canto do número três, representado pelo Delta Maçônico.
Observamos, inclusive, que, como demonstrado pelo brilhante matemático britânico Andrew Wiles em 1993, a equação:
...não apresenta soluções por n>2 (ipótese de Fermat).
O cinco está relacionado com a seção de ouro, com o pentágono e o pentáculo, e não existem senão cinco poliedros regulares convexos (tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro, icosaedro).
Na tetraktys pitagórica, enquanto nove pontos estão colocados nas bordas da figura, só um, o cinco, fica bem no centro do Delta reforçando assim o caráter sagrado desse número.
Na Cabala, o quinto Sefirot é Geburah que simboliza a força e o poder.
Para os antigos Celtas a terra era constituída de cinco elementos:
- Kalas, matéria dura;
- Gwyar, matéria úmida;
- Fun, matéria gasosa;
- Ufel, matéria ignea;
- Nwyvre, matéria etérea [2].
Na especulação gnóstica, as “cinco árvores do Paraíso” representam as cinco entidades superiores primigênias que frutificam no Paraíso (Espírito, Pensamento, Reflexão, Intelecto e Razão).
Na teoria dos números, a função zeta de Riemann reveste um papel fundamental.
Sabe-se que particulares coeficientes dessa função geram uma sequência de números inteiros [7].
Os três primeiros números da série são: 1, 2 e 42. É interessante observar que 42 nada é se não o terceiro número poligonal com base 15.
Em fórmulas:
Prof. Dr. Alberto Malanca
Parma, Itália
BIBLIOGRAFIA:
A. Reghini. “La tradizione Pitagorica Massonica”, Fratelli Melita Editori, Genova (1988).
F.X. Chaboche. “Vida e Mistério dos Números” Hemus Editora, São Paulo (2005).
M. Chown. New Scientist, 24 October 1998, pp. 29-32.
C. Knight, R. Lomas. “La Chiave di Hiram” Mondadori, Milano, (1997).
A.L. Lehninger. “Biochemistry” Worth Publishers, Inc., New York (1972).
J. Gleick. “Caos” – RCS Libri S.p.A., Milano (1997)
M. Du Sautoy. “L’Enigma dei Numeri Primi” RCS Libri S.p.A., Milano (2004).
I Vangeli Apocrifi Giulio Einaudi editore, Torino (1990).
K. Ford. “The world of elementary particles” Blaisdell Publishing Company (1963).
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