A Meditação para a formação da Cadeia de União


Se a Cadeia de União contribui para esta mensagem e comunicação entre os homens, como o condão de equilibrar emoções e normalizar organismos, está claro que para a obtenção do resultado almejado, ela deverá ser construída com perfeição. 

Hoje em dia, a prática da “concentração” está condenada e superada, pela prática simples da “meditação”. Concentração exige esforço, recolhimento e isolamento; meditação atua de forma diversa; é suave, sem concentração ou isolamento. 

Basta fixar um elemento dentro da mente, com ele ocupar o pensamento. 

Uma palavra, um som, um odor, uma cor! Para a formação da Cadeia de União é contraproducente a concentração. 

A meditação, diz Eknath Easwaran, “pode ser acertadamente definida como a função mais dinâmica, criadora e importante da qual o homem é capaz, porque, ao extinguir nele tudo que é egoísta, leva-o para aquele estado impessoal de Consciência Crística, denominado “CHIT” pelos sábios hindus”

De um modo geral, o Venerável, ao dirigir a Cadeia de União, pede concentração; isto está errado, porque concentração conduz a isolamento, quando os irmãos reunidos não devem isolar-se, mas sim, aproximar-se um do outro.

A perfeição pode ser alcançada através de dois caminhos: o do isolamento e o da comunhão. 

O isolamento conduz à renúncia. 

A comunhão é ação que conquista; a resultante da comunicação. 

Ambos os caminhos são válidos para a busca da perfeição, porém o caminho da comunhão alcança beneficiar o próximo, enquanto o caminho do isolamento satisfaz apenas a um. 

Tanto para o que medita isolado, como para os que meditam em grupo(4), há necessidade que esta meditação alcance certa profundidade. 

A natureza humana possui a capacidade de, em meditação, produzir efeitos oriundos de agentes provocadores(5), um deles é o som. 

Não se pode isolar o ato meditativo de um som, porque este é o fornecedor de uma determinada “freqüência” que influencia a mente de todos os que tomam parte na corrente. 

A soma destas influências produz harmonia e prosperidade. 

O que medita isoladamente alcança sucesso através do silêncio. 

Os que meditam em comunhão alcançam sucesso com sua atividade. 

Daí o fato da Cadeia de União apresentar “movimento”(6) enquanto o meditante isolado, silente em sua postura e sentado embora esteja se beneficiando, não alcança sucesso em sua vida. 

O maçom que medita isolado habitua-se e não sente atração pela Cadeia de União. 

O contrário acontece para os que encontram na Cadeia de União o sucesso almejado. 

A fim de penetrarmos com mais facilidade na explanação, exemplifiquemos, atribuindo ao meditante isolado a personificação de um monge e ao grupo formado em cadeia, a de uma família. 

O “monge”, para meditar, não possui o “som” que a “família” exercita. 

A diferença de influência das duas meditações reside na influência dos sons emitidos. 

Toda Palavra que pronunciamos transmite-se em onda sonora que vai de encontro a todo obstáculo representado pelas coisas pertencentes à criação. 

Todo som, por sua vez, chega a nós e há o choque com os seus efeitos; ou as ondas que emitimos pelas palavras que pronunciamos conservam a vida ou a destroem e danificam. 

As ondas sonoras não cessam, elas continuam. 

Uma vez que as palavras são pronunciadas, não podem ser “recolhidas”, porque seu destino é o de se propagarem. 

Uma vez que a palavra é pronunciada, as suas vibrações espelham-se em todas as direções e alcançam os quatro cantos da terra(7). 

Por isto todo o cuidado é pouco sobre o que pensamos, falamos ou fazemos. 

Difícil é saber o que é certo e o que é errada. O acertar ou errar tornam-se tarefas complexas. 

A Natureza é tão complexa, a vida é tão complexa, e a mente humana tão limitada por falta de conhecimento, que se torna realmente impossível compreender todo campo do certo e do errado. 

Eis porque devemos nos esforçar em sintonizar nossa mente com o próximo para que a “força” que surge possa nos beneficiar e ser para nós, o certo. 

Selecionar o que está certo e o que está errado seria obedecermos à risca os Dez Mandamentos de Moisés, com os seus “não” e os seus “farás”. 

As religiões catalogam os “sim” e os “não” e a pureza da vida ou o pecado, dependerão da observância desses “sim” e o afastamento desses “não”. 

Mas, por mais que alguém seja religioso, asceta, meditante tipo “monge”, não acertará jamais. 

Ou dimensiona milimetricamente suas ações, transformando-se em maníaco observador da Lei, perdendo assim, o prazer de viver, ou se une com outros para sintonizar a Inteligência Cósmica, permitindo que a natureza da mente seja transformada pela Luz da Verdade e passar a viver a vida normal que o Grande Arquiteto do Universo nos proporcionou. 

Uma vida correta por natureza. 

Uma técnica de vida. 

O “monge” tem o seu som apropriado à sua maneira de vida e a “família” tem seu som apropriado à sua maneira de vida. 

O “som” que propicia a meditação, para o maçom, são as palavras sagradas que recebe, dentro dos seus graus. 

Mas, para a formação da Cadeia de União, há um “som”, constituído de uma palavra sagrada recebida “semestralmente”, pelo Poder Superior da Instituição. 

Insistem, autores e maçons antigos, em afirmar que a Cadeia de União visa exclusivamente, a transmissão da Palavra Sagrada, com a finalidade de regularização, ou seja, do Membro de uma Loja estar a par de seis em seis meses, de que a Palavra de Ordem mudou, confirmando, assim, a sua assiduidade.

Este aspecto é meramente administrativo, esquecendo-se os “opositores” do papel que representa na Cadeia de União a “Palavra Semestral” e do valor de quem a emite, portador de uma autoridade inconteste e que se torna respeitado pelo que significa a sua “contribuição” esotérica, dentro do concerto das Lojas Maçônicas. 

Quando em cadeia, é transmitida a “palavra semestral”; esta propicia a meditação, não importando ser ela prolongada ou curta. 

Não se pode deixar de referir que a “palavra semestral” deverá ser fornecida por um “Poder Regular”, ou seja, uma “potência” reconhecida por outras “potências” face o preenchimento dos requisitos que lhe propiciam esse reconhecimento internacional. 

Caso contrário, será um “som” inadequado e sem os efeitos desejados e esperados. 

A “regularidade” maçônica é fator de relevante importância, pois os benefícios vindos de um ato litúrgico envolvem um aspecto moral. 

A irregularidade nada mais é que uma “oposição”; os corpos maçônicos que surgem irregularmente, ou são produto de dissensões, quando um grupo se separa de uma Potência, ou quando um grupo entende criar, sem a necessária cobertura, um corpo espúrio. 

Não basta a alegação de que os Rituais usados são os mesmos e provindos de uma só fonte; não basta a alegação de que os membros ingressam na organização irregular, desconhecendo a situação; não basta que o pretenso “Irmão” seja pessoa portadora das mais nobres virtudes e qualidades. 

O erro é de base. 

A Cadeia de União formada com “elos” irregulares produzirá efeitos negativos. 

A meditação comum, a que denominamos de “profana”, indubitavelmente, produzirá bons efeitos. 

Há, contudo, meditação profana e meditação maçônica. 

A técnica não é a mesma, porque a meditação maçônica é feita dentro da Cadeia de União. 

Os sons emitidos em uma Cadeia de União formada por maçons regulares serão misticamente adequados. 

O poder do som aumenta uma vez que o mesmo é reduzido durante a meditação. 

Sabemos que quando entramos nos estados sutis da criação, o poder aumenta. 

Se atirássemos uma pedra em alguém, poderíamos feri-lo, seria uma ação dirigida a um indivíduo tão somente, mas se pudéssemos entrar na sutileza da pedra e excitar o átomo, ele bombardearia toda a atmosfera. 

O poder é imenso nos estados da criação; o poder é infinitamente maior nos estados sutis do pensamento. 

Quando reduzimos um pensamento a um estado muito sutil, ele fica consideravelmente mais poderoso do que quando antes no plano grosseiro da mente. 

Quando o pensamento está prestes a desaparecer no seu estado mais sutil, a “força-pensamento’’ criada chega a um máximo. 

Assim, quando um pensamento é reduzido durante a meditação, o efeito aumenta. 

O valor da meditação está em reduzir o pensamento até que ele seja reduzido ao nada. 

Portanto, a influência física daquele som específico é intensificada à sua capacidade máxima até que ele alcança o seu limite absoluto de intensidade quando sua influência permeia todo o campo da criação. 

Na Cadeia de União, o efeito desejado será a “paz interior”, a “felicidade interior”, maior “criatividade”, maior “sabedoria”, maior “solidez da vida” e a integração de “valores”, em todas as campas da existência. 

Paz interior e atividade externa com sucesso são as necessidades do chefe de família. 

Este efeito de aumentar a paz interior e ter sucesso externo, com toda a harmonia, é adquirido pelo efeito de um som especial próprio para o momento em que irmãos se unem, para como se fossem um só, receberem o “som” que um “Poder Superior” fornece. 

Este “Poder Superior”, no sentido hierárquico. 

Formar a Cadeia de União apenas semestralmente, com a finalidade de transmitir a Palavra Semestral, seria proporcionar ao Membro de uma Loja escassa atividade espiritual, restringir ao máximo o “direito” que todos adquiriram de usufruir a “força” que representa a “União em Cadeia”, do benefício da meditação e do fortalecimento íntimo através da dádiva da Paz


NOTA

(4) Terapia em grupo. (5) Os agentes provocadores existem na Natureza exterior e na Natureza interior, dentro do homem.

(7) E jamais poderão ser recolhidas.


REFERÊNCIA: A CADEIA DE UNIÃO - Rizzardo da Camino

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