Maçonaria na modernidade tardia.

A Maçonaria guarda dentro de si, como instituição, muitos segredos. 

Pelo menos é isso que a Ordem deseja que todos pensem, é isso que os maçons transmitem para quem os indaga sobre o que acontece dentro do Templo e é isso que a maior parte das pessoas pensa sobre essa instituição que atrai tanta desconfiança. 

O fato é que guardar segredo sobre o que acontece dentro de uma instituição que é pública – porque nunca ficou escondida – parece ser uma situação tão desconcertante para a maior parte das pessoas que faz com que a imaginação faça grandes voos. 

Pode-se dizer que esses segredos se tornaram a maior força da Maçonaria e também o maior foco das críticas que sempre são feitas à instituição. 

Já sobre o imaginário construído em torno da Maçonaria e sua atuação na sociedade, usamos as noções desenvolvidas por Pesavento (2005, p. 45) que afirma: “entende-se por imaginário um sistema de ideias e imagens de representações coletivas que os homens, em todas as épocas, construíram para si, dando sentido ao mundo”. 

A partir das reflexões desse blog, o imaginário confere sentido às experiências individuais e sociais, por ser uma construção que tem como um dos objetivos, mesmo partindo do campo da imaginação, integrar o que é difícil de compreender, o que é misterioso e amedrontador. 

É nessa perspectiva que se pode olhar o imaginário sobre a Maçonaria, instituição que supostamente promove complôs, que se utiliza de conhecimentos ocultos e satânicos para manter seu poder e influenciar o destino da sociedade. 

Num segundo momento do texto, procuramos abordar a Maçonaria sob a ótica da história, na qual os mitos e imaginários são desmontados e fica a concepção de que essa instituição sempre se constituiu em ambiente para ideias e ideais inovadores, que seus membros se dedicaram à política com o intuito de defender essas ideias e ideais e que – com o decorrer do tempo e as transformações históricas – a instituição deixou de ter essa importância e passou para outro estágio de atuação, que envolve mais o aspecto social e espiritual do que propriamente o político. 

É importante informar que utilizamos para construir nosso relato artigos de revistas de divulgação como Superinteressante e História Viva, além de sites que tratam da Maçonaria, pelo fato de que essas reportagens refletem a curiosidade e as indagações que a sociedade têm sobre a Ordem Maçônica e sobre seus segredos. 

Essas reportagens informativas e investigativas contribuíram para enriquecer a perspectiva que construímos durante o trabalho. 

Entendemos, a partir do estudo, que a Maçonaria é um interessante exemplo de como os mitos e imaginários são fundamentais para a visão que temos do mundo e da sociedadeomento histórico, no qual aparentemente a Maçonaria perdeu parte do interesse pelos seus mistérios, ainda é interessante perceber e refletir sobre seu significado no contexto da diversidade das manifestações religiosas ou espirituais que mobilizam o imaginário social. 

Para escrever este texto, procuramos olhar justamente para essa questão que envolve a Maçonaria e nosso esforço foi para compreender alguns aspectos dessa construção histórica de uma imagem de instituição poderosa, tanto para o bem como para o mal. 

Com esse objetivo, analisamos os mitos e imaginários construídos pela própria Maçonaria sobre si mesma e, também, o imaginário que surgiu por meio dos opositores da Ordem, que procuraram denegrir sua imagem e envolvê-la com objetivos negativos. 

Para abordar os mitos sobre a Maçonaria utilizamos as noções sobre o mito dadas por Eliade (2007) e Croatto (2010). 

Para este último autor, o mito é uma narrativa exemplar, na qual a realidade passa a ter sentido pelo fato de ter sido produzida pelos deuses ou entes sobrenaturais: “como instaurador de uma realidade, o acontecimento mítico lhe dá sentido, pois ela remonta-se, em última instância, à primordialidade transcendente, ideia reforçada pela atuação protagonista dos Deuses” (CROATTO, 2010, p. 218, grifo do autor). 

Assim, a Maçonaria, ao construir seu mito de origem, buscando no passado muito antigo o surgimento do saber de que é portadora, busca conferir uma qualidade de transcendência às suas ações e sua organização. 

Os mitos maçônicos fazem remontar o saber maçônico ao saber originário sobre as construções sagradas. 


Referências

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Sites 

https://padrepauloricardo.org/episodios/um-catolico-pode-ser-macom http://intellectus-site.com/site2/artigos/maconaria-braco-direito-do-diabo.htm http://w2.vatican.va/content/leo-xiii/pt/encyclicals/documents/hf_lxiii_enc_18840420_humanum-genus.htm


Sobre o autor Andre Luiz Caes 

Possui doutorado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente é professor da Universidade Estadual de Goiás. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Antiga e Medieval, História do Brasil e História das Religiões, atuando principalmente nos seguintes temas: igreja católica, identidade religiosa, doutrina, relações entre religião e sociedade, relações entre as religiosidades ocidental e orienta



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