Atualmente existem no mundo mais de duzentos Ritos Maçónicos em uso; entretanto, no Brasil, a maioria das Lojas Maçónicas adoptaram o uso do Rito Escocês Antigo e Aceite, que também é o mais usado pela maioria das potências Maçónicas existentes na América Latina, sendo também o Rito mais praticado no mundo, nos Graus Superiores.
Mas de onde vem este rito? E como ele foi criado?
O Rito Escocês Antigo e Aceito, também conhecido pelas siglas REAA, ao contrário do que se possa pensar e até mesmo do que o seu nome afirma, não foi criado na Escócia; a sua criação remota aos anos de 1649, antes mesmo da fundação da Grande Loja de Londres, que foi fundada em 1717; e a sua origem deu-se em terras Francesas, sendo está uma das primeiras manifestações Maçónicas em território Francês.
A propósito da origem do Rito Escocês Antigo e Aceito, o Irmão e Escritor José Castellani, no seu livro “O Rito Escocês Antigo e Aceite” esclarece que:
“(…) o escocesismo nasceu em França Stuartista, precedendo a fundação da primeira Grande Loja de Londres e remontando o evento ao ano de 1649, após a decapitação do Rei Carlos I, da família dos Stuarts, pelos partidários de Oliver Cromwell (…)”.
O Rito é dito “Escocês” em homenagem à origem dos personagens envolvidas na sua criação, já que a partir do final do século XVII, vários Maçons escoceses, fugiram para a França em virtude de uma série de convulsões sociais que aconteceu nas Ilhas britânicas. Já em solo Francês, estes escoceses participaram de vários episódios importantes para história, sobretudo para a história Maçónica.
O Irmão e também escritor, Assis Carvalho, no seu livro “A Maçonaria, Usos e Costumes”, faz o seguinte relato sobre a importância histórica da actuação de escoceses na Maçonaria:
“(…) grandes nomes da Maçonaria Primitiva, eram escoceses, como por exemplo: John Boswell, iniciado em 8 de Junho de 1600, na Loja Capela de Santa Maria (Saint-Mary chapell) de Edinburgh – Escócia, considerado o primeiro Maçon Especulativo; o Reverendo James Anderson, o primeiro compilador de uma Constituição Maçónica, que até hoje rege os destinos de Maçonaria; e muitos outros. Sem mencionar que a Loja de Kilwinning, chamada de Loja Mãe do Mundo, foi fundada na Escócia”.
De origem operativa, o Rito Escocês Antigo e Aceite deriva do Rito de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários para a Escócia. Está ligado ao Antigo Testamento e à lenda de Hiram (lenda base da Maçonaria simbólica). O Rito uniu particularidades do Rito Antigo Aceite, com a natureza hebraica do Rito de Perfeição.
Com a sua criação, que foi lenta e sofreu inúmeras alterações, pretendia-se conservar na Maçonaria os ensinamentos filosóficos que, há séculos, se agruparam em torno do pensamento primitivo e simples.
Após a criação do Rito Escocês Antigo e Aceite e com a fundação da Grande Loja de Londres, apareceram em França dois ramos distintos da Maçonaria, um dependente da Grande Loja de Londres e outro escocês autónomo que não estava ligado a nenhum sistema obediencial, pois viviam sob o antigo preceito Maçónico de que os Maçons tinham o direito de constituir lojas sem prestar contas dos seus actos a uma autoridade ou poder supremo, preceito este chamado de “O Maçon Livre na Loja Livre”.
Deste modo as Lojas Escocesas eram maioria em França, onde apenas três Lojas, entre as 487 existentes, tinham patente da Grande Loja de Londres.
Em 1758 criou-se, no escocesismo, os altos graus, que, no entanto, só foi plenamente estabelecido em 31 de Maio de 1801 com a fundação do Supremo Conselho de Charleston, na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, considerado o primeiro Supremo Conselho do Mundo, do chamado Rito Escocês Antigo e Aceite, que foi o responsável pela divulgação do nome Rito ao mundo Maçónico. Posteriormente em 4 de Dezembro de 1802, uma circular levou ao conhecimento dos Maçons, principalmente europeus, a criação do Conselho Mãe em Charleston, denominado Supremo Conselho dos Soberanos Grandes Inspectores Gerais, 33º e último Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito.
No entanto, antes de 1801, já tinha sido fundado pelo Conde de Grasse-Tilly, um Supremo Conselho nas Índias Ocidentais Francesas, com 33 graus, entretanto, este Supremo Conselho foi ignorado e abafado pelo Supremo Conselho norte-americano, que conseguiu fazer-se constar como o Supremo Conselho-Mãe do Mundo.
Acontece, que nos três primeiros anos de vida do Supremo Conselho norte americano, o Rito Escocês Antigo e Aceite permaneceu sem ritual próprio. Os Altos Graus funcionaram com os Graus de Perfeição do Rito de Heredom, acrescentados oito novos graus que totalizavam os 33. Os novos graus não eram Iniciáticos e ganharam conteúdo mais administrativo que litúrgico. Somente quando foi criado o segundo Supremo Conselho, em França em 1804, que se confeccionou o primeiro ritual dos graus simbólicos do Rito, o “Guide des Maçons Écossais“, que foi idealizado pelos Maçons franceses, apelidados de “escoceses”, que fundaram nesse mesmo ano, 1804, uma nova Obediência Maçónica em Paris, a “Grande Loja Geral Escocesa”, com um modelo ritualístico recebido dos Maçons integrantes da Grande Loja dos “Antigos” de Londres.
A Grande Loja Geral Escocesa de Paris uniu particularidades do Rito Antigo Aceite, de origem operativa, praticado na Escócia, com a natureza hebraica do Rito de Perfeição, e organizou um ritual para os graus ditos simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceite.
Com o passar dos anos, e aos poucos, o Rito foi ganhando a adesão de Maçons, que adoptavam o Rito Escocês Antigo e Aceite nas suas Lojas, ao ponto de se espalhar por todo o mundo. Hoje, embora existam variações de Obediência para Obediência e de país para país, as linhas mestras da doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito estão sempre presentes e podem servir para os ensinamentos Maçónicos em qualquer parte do mundo, tornando, cada vez mais, a maçonaria íntima dos seus obreiros.
América Latina.
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