Vamos ver alguns desses símbolos que constituem, juntamente com os rituais e lendas dos graus, o património vivo e o verdadeiro tesouro da tradição maçônica.
Sobre a importância dos símbolos geométricos e visuais na Maçonaria basta lembrar que antigamente se identificava esta com a própria Geometria, o que perfeitamente lógico pois esta última encontra suaaplicação natural na Arquitetura.
Com efeito, a palavra Geometria deriva de Gea (terra) e metron (medida), ou seja, «medida da terra», o que certamente tem muito a ver com o ofício de construtor na medida em que este deve começar por delimitar (e portantomedir) um espaço, a fim de realizar sua obra.
Por outro lado, o simbolismo geométrico é, tal como o numérico, uma das heranças mais importantes que a Maçonaria recebeu da Tradição Pitagórica.Recorde-se que as guildas medievais de construtores provinham diretamente dos Collegia Fabrorum (ou agrupamentos de construtores) da Roma antiga e que estes tinham recebido grande parte dos seus conhecimentos sobre geometria sagrada directamente dos Pitagóricos.
Por exemplo, por assim dizer: Neste sentido, acredita-se que aqueles que realizaram (ou pelo menos em parte) a transição entre o período romano e cristão em questão de arquitetura foram os chamados «mestres do lago deComo, ou "professores comacinos".
Esta era uma associação de construtores que entre os séculos VII e IX tinha subsistido no norte da Itália após o desaparecimento da civilização greco-latina, e embora tivessem tomando a forma cristã seus conhecimentos sobre arquiteturasagrada veio inteiramente dos Collegias.
O que eles fizeram foi «adaptar» as formas de uma tradição para outra, o que não foi muito difícil porque o próprio Cristianismo tinha «absorvido» já muitas coisas daquela civilização, como o Hermetismo e a filosofia e metafísica de Platão, que influenciaram significativamente os primeiros Pais da Igreja, tal o caso de Dionísio Areopagita, Clemente de Alexandria e Santo Agostinho, entre outros, e cujos textos estão as ideias que se traduzirão na arquitetura medieval (românica e gótica) e posteriormente na renascentista.
Então, uma filiação nunca interrompida existiria entre a Ordem Maçônica e a Pitagórica, ao ponto de muitos maçons terem visto na Maçonaria uma adaptação do Pitagorismo aos tempos atuais.A verdade é que nas lendas maçônicas Pitágoras figura, juntamente com o Deus Hermes, como um dos fundadores míticos da Ordem.Com efeito, nessas lendas tanto Pitágoras como Hermes são os que encontram as duas colunas (assimiladas posteriormente às colunas J e B do templo maçônico) onde todo o saber que remontava às próprias origens da humanidade foi gravado e entre as quais se encontravam as Artes. e Ciências da Cosmogonia.Como diz a este respeito. essas duas colunas configuram os dois grandes afluentes sapienciais que nutrirem a Ordem: o hermetismo que garantirá a proteção do Deus através da filosofia, ou seja, do conhecimento, e o pitagorismo que dará os elementos aritméticos e geométricos necessários que reclama o simbolismo construtivo; ambas as correntes devem ser consideradas direta ou indiretamente de origem egípcia.Assim como essas duas colunas são as pernas da Mãe Loja, pelas quais o Neófito é parido, ou seja, pela sabedoria de Hermes, o grande iniciador, e por Pitágoras o instrutor gnóstico.Poderíamos então dizer que a Maçonaria é a confluência natural dessas duas correntes, e que nela são apenas uma, moldando sua identidade e seu ser. Voltando de novo ao simbolismo geométrico, devemos considerar dentro dele as próprias ferramentas ou úteis.Concretamente falamos do Nível, da Plomada (ou Perpendicular), da Esquadra e do Compasso. Todas elas estão diretamente relacionadas com as formas geométricas fundamentais.
Por exemplo, o Plumade é claramente um símbolo da vertical e do nível da horizontal.No simbolismo construtivo ambas são indissociáveis e precisam mutuamente, pois a verticalidade do edifício, ou seja, a sua perpendicularidade, é dada pela perfeita nivelamento do edifício.E, por sua vez, esse nivelamento é o resultado de um equilíbrio alcançado graças à presença constante de um eixo vertical, que aponta o «justo médio» que impede qualquer desnivelamento.O Plumade e o Nível representam então os dois eixos de coordenadas que possibilitam o levantamento harmonioso de toda a construção.
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