Inicialmente havia apenas Nun, o oceano primal de caos que continha o inicio de todas as coisas. Dessas águas veio Ra, o Deus Sol. Ra fez nascer Shu, o deus do ar e Tefnut, a deusa da umidade.
Eles deram a luz a Geb e Nut, o deus terra e a deusa céu. Então o universo físico foi criado.
Criação do Universo segundo crenças do Antigo Egipto
Cosmogonia (do grego κοσμογονία; κόσμος “universo” e γονία “nascimento”) é o termo que abrange as diversas lendas e teorias sobre as origens do universo de acordo com as religiões, mitologias e científicas através da história. proposta do Big Bang (ou Grande explosão) foi sugerida primeiramente pelo padre e cosmólogo belga Georges Lemaître (1894-1966), quando expôs uma teoria propondo que o universo teria tido um início repentino.
No entanto, com o passar do tempo a hipótese do cosmólogo belga começou a tomar forma quando em 1929 as linhas espectrais da luz das galáxias observadas no observatório de Monte Palomar por Milton La Salle Humason começaram a revelar um afastamento progressivo para as galáxias mais distantes, com características de uma dilatação universal. Traduzida em números esta descoberta permitiu ao astrónomo Edwin Hubble encaixar uma progressão aritmética que mais tarde foi chamada de Constante de Hubble.
Até hoje esta proporção aritmética é a régua cósmica: instrumento indispensável para confirmação das teorias de astrónomos e cosmólogos do mundo inteiro.
No século IV a.C., Parménides de Eleia concebia o universo como “a massa de uma esfera arredondada que se equilibra em si mesma, em todos os seus pontos”.
Heráclito de Éfeso via o mundo como contínuo movimento e constante vir-a-ser.
Dois mil e quinhentos anos mais tarde, como se prolongasse e desenvolvesse essas intuições originais, Albert Einstein, que também concebeu o universo como uma esfera, falou “da razão poderosa e suprema que se revela no incompreensível universo”.
A ideia de universo é produto de um momento histórico, as suas concepções religiosas, filosóficas e científicas.
A menos que se considere a situação da ciência e da filosofia num dado instante como definitivas, as suas posições, teorias e hipóteses não passam de momentos de um processo, o qual consiste no desvendar progressivo da realidade pela razão.
Tal processo, que se confunde com o que se poderia chamar de história da razão, revela que o saber é social e histórico, e que a realidade não se descobre de uma só vez, pelo mesmo homem, mas aos poucos, e pelas diversas gerações que se sucedem.
Evolução da ideia de universo
O conceito de universo, inseparável da história da religião, da filosofia e da ciência, teria percorrido três etapas, que podem eventualmente coexistir no contexto de uma mesma cultura, embora em cada contexto uma delas sempre prevaleça.
A primeira caracteriza-se pela concepção religiosa, a segunda pela metafísica e a terceira pela concepção científica.
Segundo a concepção religiosa, o mundo, além de ter sido criado por Deus ou pelos deuses, é por eles governado, à revelia do homem e da sua vontade. Diante de Deus, ou dos deuses, infinitamente poderosos, o homem não passa de um ser indefeso e temeroso.
Concepção grega
A filosofia e a ciência gregas pressupõem as teogonias e as cosmogonias, tais como concebidas nas obras de Homero e de Hesíodo.
O mundo, que incluía a totalidade daquilo que se conhece, compreende os deuses, imortais, os homens, mortais, e a natureza, que os gregos chamavam physis. Tanto a natureza quanto os homens estão à mercê dos deuses imortais, dos seus caprichos, cóleras, paixões, pois os deuses, embora divinos e imortais, são concebidos à semelhança dos homens, tendo também vícios e virtudes.
A concepção religiosa e mitológica do universo é criticada pela filosofia e pela ciência, que se propõem, desde as suas origens, a substituí-la por uma concepção racional e lógica.
Nos primeiros filósofos gregos, chamados pré-socráticos, encontra-se o esboço das cosmovisões que Platão e Aristóteles tentariam sistematizar dois séculos mais tarde.
Partindo do mesmo pressuposto, da identidade do pensamento e do ser, ou da razão e da realidade, Parménides e Heráclito formularam as duas teses que determinaram todo o pensamento ulterior: a da unidade e imobilidade, e a da multiplicidade e mobilidade do ser.
Para Parménides, o Ser, isto é, o universo, o Absoluto, era incriado, imperecível, completo, imóvel e eterno, assemelhando-se à “massa de uma esfera bem arredondada, que se equilibra em si mesma em todos os seus pontos”.
Segundo Heráclito, para quem o logos “tudo governa”, o mundo, que é o mesmo para todos os seres, não foi criado por um deus ou por um homem, e sempre foi, é e será um fogo vivo “que se acende e apaga com medida”.
Ainda no período pré-socrático, as filosofias de Demócrito, Empédocles e Anaxágoras, foram tentativas de conciliar e superar estas duas posições extremas. De todas, a mais significativa é a de Demócrito, que lançou os fundamentos de uma concepção rigorosamente científica do universo, concebendo-o como composto de átomos e de vazio.
Os átomos e o vazio, assim como o movimento, são eternos, sempre existiram, e as suas infinitas combinações dão origem a todos os seres.
Segundo Platão, cuja cosmogonia é expressa no mito do Timeu, pois a física é apenas um passatempo para o espírito, o mundo, obra de um demiurgo, é belo e vivo.
Cópia corpórea e sensível do modelo inteligível, é habitado por uma alma que mistura três essências: a indivisível, unidade absoluta do todo inteligível, a divisível, ou multiplicidade que caracteriza os corpos e o seu vir-a-ser, e uma terceira, intermediária, a existência, que participa das duas primeiras.
O centro da alma, uma espécie de envoltório esférico do corpo do mundo, coincide com o centro do mundo, e os seus movimentos circulares se confundem.
O corpo do mundo é composto do fogo e da terra, entre os quais se interpõe, por razões matemáticas, a água e o ar, matéria ou elementos que preexistem à acção do demiurgo e cujo começo de organização explica-se mecanicamente.
Ao contrário de Platão, para quem a física só poderia ser objecto de um “conhecimento bastardo”, Aristóteles achava que o mundo natural pode ser objecto de conhecimento racional ou epistemológico.
Único, não tem nem começo nem fim, nada existe fora dele, é perfeito e finito, formando uma esfera que se move de acordo com o movimento mais perfeito, que é movimento circular.
O mundo inclui quatro corpos simples ou elementares, a terra, a água, o ar e o fogo, aos quais se acrescenta uma quinta-essência, o éter, que não comporta nenhuma espécie de mudança.
O universo dividir-se-ia em duas grandes regiões: o céu propriamente dito, que se estende do “primeiro céu” até a Lua, incluindo as estrelas fixas, cujo movimento é regular, eterno e circular.
Os astros e os planetas são tão imóveis quanto as estrelas.
O que se move circularmente é a esfera que carrega o astro, esfera única no caso das estrelas, esferas múltiplas no caso dos planetas.
Segundo Aristóteles, para que o movimento de cada esfera planetária não se altere em virtude do movimento da outra esfera em que está encaixada, é preciso introduzir esferas compensadoras, que preservam a unidade do sistema.
A segunda região do universo é a região sublunar, cujo centro é a Terra.
Mais distante do “primeiro motor” que o céu, caracteriza-se pela geração e pela corrupção das substâncias, cuja matéria não é mais perfeitamente determinada, como a do mundo sideral, mas é, ao contrário, pura indeterminação.
Neste mundo, onde reina a contingência, o acidente e o acaso, a descontinuidade é a norma do movimento, mesmo regular.
Os elementos que se constituem nessa região são inferiores ao éter, misturando-se e transformando-se uns nos outros, o que permite considerá-la a região dos mistos, ou das misturas.
O mundo sublunar está envolvido por uma esfera de fogo que gira com o primeiro céu, a qual envolve o ar, que, por sua vez, envolve a água, que, finalmente, envolve a terra.
Concepção judaico-cristã
A revelação judaico-cristã trouxe duas ideias estranhas ao pensamento grego: a ideia de um Deus único e pessoal, transcendente ao mundo, e a ideia da criação ex-nihilo, a partir do nada.
De acordo com o Génesis, Deus criou o universo, o céu e a Terra, e todos os seres que nele se contêm, a água e a luz, os astros e as estrelas, as plantas e os animais e, finalmente, o homem, feito à sua imagem e semelhança.
Obra de Deus, que é, por definição, a inteligência suprema, o universo reflecte essa inteligência, sendo ordem e beleza, cosmo e não caos.
As leis que regem o seu funcionamento expressam a vontade divina, que não as estabeleceu arbitrariamente, mas segundo o plano que se desdobrou ao longo dos sete dias da criação.
Compelidos, pelas exigências da luta contra o paganismo e as heresias, a formular conceitualmente o conteúdo da revelação, os pensadores cristãos tiveram que se valer do arsenal ideológico de que dispunham, quer dizer, o pensamento grego. O que se chama de filosofia cristã, ou de pensamento cristão, não passa, na realidade, do pensamento grego — de Platão e de Aristóteles especialmente — usado como instrumento de defesa e justificação da fé.
Ao incorporar a filosofia grega, a cosmovisão cristã ficou presa à física e à cosmologia de Aristóteles, que, durante dois mil anos, dominou o pensamento ocidental, até o advento da filosofia e da ciência moderna.
Universo newtoniano
Os fundadores da ciência moderna, Copérnico, Galileu, Kepler, Descartes e Newton, acreditavam em Deus e a ele se referiram constantemente, mas conceberam o universo como se fosse independente de Deus e explicável por si mesmo, pelas leis que lhe são próprias. A “revolução copernicana” deslocou o centro de gravitação da Terra para o Sol e permitiu conceber o universo como um sistema autónomo, regido por leis que podem ser conhecidas experimentalmente e formuladas matematicamente. Descobrindo a impenetrabilidade, a mobilidade, a força de propulsão dos corpos, as leis do movimento e da gravidade, e formulando os postulados que permitem definir as noções de massa, causa, força, inércia, espaço, tempo e movimento, Newton foi o primeiro a sistematizar a moderna ciência da natureza.
Embora não se propusesse mais o conhecimento das causas dos fenómenos, mas a determinação das leis que os regem, a ciência newtoniana, físico-matemática, coincidia ainda com a física de Aristóteles num ponto capital, a concepção do tempo e do espaço.
Ambas consideram tempo e espaço como quadros invariáveis e fixos, referenciais absolutos, em função dos quais se explicam os movimentos do universo. A definição aristotélica do tempo e do espaço, embora date do século IV a.C., prevaleceu na ciência clássica, na mecânica de Galileu e de Newton, até o advento da física quântica e da relatividade einsteiniana.
Relacionando a queda da maçã com o movimento dos planetas e do Sol, Newton formulou a lei da gravitação universal, que permite determinar a velocidade de revolução da Terra em torno do Sol, do sistema solar no sistema estelar, do sistema estelar na Via Láctea e da Via Láctea nas galáxias exteriores.
Distinguindo movimento absoluto e movimento relativo, foi levado a admitir a existência de estrelas fixas, ou de pontos imóveis no universo, embora não dispusesse de meios para provar tal hipótese. Por considerar o espaço uma realidade fixa, um quadro estático e imutável e por não poder estabelecer cientificamente esse postulado, recorreu a uma explicação teológica, que considerava o espaço a omnipresença de Deus na natureza.
O universo newtoniano era, assim, o meio invisível, o espaço absoluto e imutável no qual as estrelas se deslocam e a luz propaga-se de acordo com modelos mecânicos, traduzíveis em fórmulas matemáticas.
Universo Einsteiniano
Em 1905, Albert Einstein escreveu um pequeno trabalho, no qual admitia que a velocidade da luz não é afectada pelo movimento da Terra, mas rejeitava a teoria do éter e a noção de espaço como quadro fixo e imóvel no qual é possível distinguir o movimento absoluto do movimento relativo.
Se a velocidade da luz é constante, e se propaga independentemente do movimento da Terra, também deve ser independente do movimento de qualquer outro planeta, estrela, meteoro, ou mesmo sistema no universo.
As leis da natureza, consequentemente, são as mesmas para todos os sistemas que se movem uniformemente, uns em relação aos outros.
Eliminados o espaço e o tempo absolutos, o universo todo entra em movimento, não tendo mais sentido indagar pela velocidade “verdadeira”, ou “real” de qualquer sistema. O espaço einsteiniano não tem fronteiras nem direcção, e não apresenta nenhum ponto de referência que permita comparações absolutas, pois não passa, como já dissera Leibniz, “da ordem da relação das coisas entre elas”. O que leva a concluir que, sem coisas que o ocupem e nele se movam, não há espaço.
Os movimentos, portanto, sejam quais forem, só podem ser descritos e medidos uns em relação aos outros, uma vez que, no universo, tudo está em movimento.
Na primeira formulação da sua teoria, que chamou de “relatividade restrita”, Einstein buscou demonstrar que não há no universo nenhum parâmetro absoluto que permita calcular o movimento absoluto de um planeta, como a Terra, ou de qualquer sistema que se ache em movimento.
Um corpo só se move em relação a outro, ou a outros, e se todos os corpos do universo se movessem simultaneamente, com a mesma velocidade, não haveria movimentos, nem percepção do movimento e possibilidade de calculá-lo.
A partir da lei da inércia, tal como foi enunciada por Newton, Einstein reformulou a lei da gravitação universal, estabelecendo como premissa que as leis da natureza são as mesmas para qualquer sistema, independentemente do seu movimento.
O princípio da equivalência, entre a gravidade e a inércia, estabelece que não há meio algum que permita distinguir o movimento produzido pelas forças de inércia do movimento gerado pela força da gravitação.
O princípio permitiu mostrar que nada há de único ou de absoluto no movimento não uniforme, pois os seus efeitos não se podem distinguir dos efeitos da gravitação.
O movimento, portanto, seja qual for, uniforme ou não, só pode ser observado e calculado em relação a um parâmetro, pois não há movimento absoluto. Desse ponto de vista, a gravitação passa a fazer parte da inércia e o movimento dos corpos resulta da sua inércia própria.
A sua trajetória é determinada pelas propriedades métricas do contínuo espaço-tempo, o que permite eliminar a obscura noção de acção à distância.
Na confluência da teoria dos quanta, que determinou todas as concepções a respeito do átomo, e da teoria da relatividade, que determinou todas as concepções a respeito do espaço, do tempo, da gravitação, da inércia etc., a teoria do campo unitário vem atender à exigência fundamental da razão, que é a exigência de unidade.
“A ideia de que existem duas estruturas no espaço, independentes uma da outra”, escreve Einstein, “o espaço métrico gravitacional e o espaço electromagnético, é intolerável ao espírito teórico”.
Ao mostrar que as duas forças, a da gravitação e a electromagnética, não são independentes, mas inseparáveis, a teoria do campo unitário as descreve em termos que poderão permitir novas descobertas sobre a estrutura da matéria, a mecânica das radiações e demais problemas do mundo atómico e subatómico.
O universo einsteiniano não é nem infinito, nem euclidiano, ou tridimensional, pois a geometria de Euclides não é válida no campo gravitacional.
E, como a estrutura do campo gravitacional é determinada pela massa e pela velocidade do corpo em gravitação, a geometria do universo, a curvatura do contínuo espaço-tempo, por ser proporcional à concentração de matéria que contém, será determinada pela totalidade da matéria contida no universo, que o faz descrever uma imensa curvatura que se fecha em si mesma.
Embora não seja possível dar uma representação gráfica do universo finito e esférico de Einstein, foi possível calcular, em função da quantidade de matéria contida em cada centímetro cúbico de espaço, o valor do raio do universo, avaliado em 35 triliões de anos-luz.
Neste universo finito, mas grande o bastante para conter bilhões de estrelas e galáxias, um feixe de luz, com a velocidade de 300.000km/s, levaria 200 triliões de anos para percorrer a circunferência do cosmo e retornar ao ponto de partida.
Universo e Filosofia
O Universo é tudo o que existe no espaço infinito: planetas, estrelas, galáxias, seres animados e inanimados, fluidos. A compreensão do universo está intimamente relacionado com a filosofia de vida de cada pessoa. Neste sentido, quanto mais conhecermos o mundo que nos cerca, mais ampliaremos a nossa concepção de vida.
Os grandes pensadores da humanidade não se preocuparam muito em explicar se o universo é limitado ou infinito, se é ou não eterno, se teve ou não um começo como Deus. Buda, por exemplo, limitou-se a ensinar o que é a dor e os caminhos para suprimi-la do ser humano. Confúcio dizia que primeiro de tudo deveríamos conhecer os homens e auxiliá-los.
Sócrates achava que há uma harmonia incomensurável no universo e, para compreendê-la, basta somente conhecer a nós mesmos. Jesus fala-nos das várias moradas, porém enfatiza-nos a amar ao próximo como a nós mesmos.
A dádiva do livre-arbítrio muda tudo
Ao invés de assimilarmos as lições desses grandes mestres, insistimos em fazer a nossa caminhada através da dor, cometendo os maiores deslizes com relação às leis naturais.
Assim, não somos suficientemente humildes para aceitar o nosso nível de limitação, e, querendo sempre mais, criamos confusões na nossa mente e na daqueles que nos ouvem. Se não prestarmos a atenção, poderemos destruir o Planeta que nos serve de morada, em virtude da maciça alocação de recursos para a construção de armas nucleares.
Escolhendo um determinado caminho, sempre teremos explicações que o satisfaçam. Assim sendo, aceitando o monismo ou o dualismo, o materialismo ou espiritualismo, o ateísmo ou o panteísmo, encontraremos diversos argumentos que os sustentam.
E mesmo que esses argumentos não se aclimatem na nossa consciência, a força intrínseca deles, faz-nos aceitá-los como argumento de razão, de modo que o nosso pensamento se acomoda e ficamos satisfeitos connosco mesmos.
Lembremo-nos de que a tarefa do filosofar é distinguir a filosofia dos filósofos da Filosofia.
A Filosofia é um questionar constante, um exercício mental em que estamos sempre procurando a verdade, entendida como um processo ativo e dinâmico de obter novos conhecimentos.
A filosofia dos filósofos, por outro lado, é a representação das ideias desses pensadores, seres humanos falíveis como todos nós, e, portanto, sujeitos às limitações do seu próprio pensar. Muitas vezes, enveredando por um determinado fluxo de ideias, os filósofos acabam por criar o dogma, elemento que mais a Filosofia combate.
Olhemos o Universo sem ideias preconcebidas. Tomemos cada situação, cada encontro, cada conversação como se fosse o acontecimento mais importante naquele momento.
Criando este hábito, onde quer que estejamos, estaremos sempre aproveitando melhor a nossa existência.
Teoria judaica e cristã
A Torá e a Bíblia apresentam, nos versículos 1 a 19 do primeiro capítulo do livro de Génesis, o relato da criação dos céus e da Terra atribuído a Javé (outro nome de Deus), o Deus único e omnipotente, que teria executado a obra em seis dias.
Teoria suméria
Os sumérios e babilónios desenvolveram uma cosmogonia própria, preservada em poema, como Gilgamesh e Enuma Elis. A criação era representada como um processo de procriação. Os deuses seriam elementos naturais que formaram o universo. Segundo os babilónios, Marduk foi o único deus que conseguiu derrotar Tiamat, o dragão, que representava o caos e as águas do mar.
Resumo do mito: Na mitologia mesopotâmica, no princípio do mundo existia Abzu e Tiamat, os elementos masculino e feminino das águas. Tiamat criou o céu, de quem nasceu Ea (a magia), que produziu Marduk. Este venceu os demais deuses e dividiu o corpo de Tiamat, separando o céu da Terra e produziu o primeiro homem, usando o sangue do monstro derrotado.
Teoria nipónica
A mitologia japonesa explica o surgimento dos deuses, como o mundo foi criado e a origem dos imperadores japoneses. Estas histórias estão em dois livros: o kojiki e o nihonshoki.
Teoria brâmane
A visão bramânica do mundo e a sua aplicação à vida estão descritas no livro do Manusmristi (Código de Manu), elaborado entre os anos 200 a.C. e 200 da era cristã, embora também contenha material muito mais antigo. Manu é o pai original da espécie humana.
O livro trata inicialmente da criação do mundo e da ordem dos brâmanes; depois, do governo e dos seus deveres, das leis, das castas, dos actos de expiação e, finalmente, da reencarnação e da redenção.
Segundo as leis de Manu, os brâmanes são senhores de tudo que existe no mundo.
Teoria islâmica
Os Islâmicos acreditam na origem do Universo segundo o que descreveu o profeta Moisés na Torá. Outros Livros passíveis de crédito islâmico são: os Salmos, o Evangelho, e O Corão que é o derradeiro e completo livro sagrado, constituindo a colectânea dos ensinamentos revelados por Deus ao profeta Maomé.
Teoria budista
Não há um deus criador no budismo, a religião não se inicia no começo dos tempos, mas com o despertar de Buda. O universo tal como é simplesmente sempre foi assim “desde o tempo sem início”.
Teoria inuit
Os inuits explicam a Origem do Universo tal como a conhecem as culturas ocidentais e a ciência, apontando para o modelo de ordem cósmica. Estes mitos tem lugar em Tshishtashkamuku, a terra dos Mishtapeuat.
Cosmologia e Cosmogénese
Em cosmologia, o Big Bang é a teoria científica que o universo emergiu de um estado extremamente denso e quente há cerca de 13,7 bilhões de anos. A teoria baseia-se em diversas observações que indicam que o universo está em expansão de acordo com um modelo Friedmann-Robertson-Walker baseado na teoria da Relatividade Geral, dentre as quais a mais tradicional e importante é relação entre os redshifts e distâncias de objectos longínquos, conhecida como Lei de Hubble, e na aplicação do princípio cosmológico.
Num sentido mais estrito, o termo “Big Bang” designa a fase densa e quente pela qual passou o universo.
Essa fase marcante de início da expansão comparada a uma explosão foi assim chamada pela primeira vez, de maneira desdenhosa, pelo físico inglês Fred Hoyle no programa “The Nature of Things” da rádio BBC. Hoyle, proponente do modelo (hoje abandonado) do universo estacionário, não descrevia o Big Bang mas o ridicularizava.
Apesar da sua origem, a expressão “Big Bang” acabou perdendo a sua conotação pejorativa e irónica para tornar-se o nome científico da época densa e quente pela qual passou o universo. Cosmogénese refere-se ao surgimento e evolução do cosmo.
Já foram propostas diversas teorias que tentam explicar a origem do Universo, tanto no contexto científico (cosmologia e astrofísica), quanto por parte das religiões e na mitologia.
As primeiras tentativas do homem de explicar a origem do mundo foram os mitos. A mitologia grega, por exemplo, diz que no princípio havia o Caos, e em algum momento surgiu Erebus, o lugar desconhecido onde a morte mora, e Nix, a noite. Havia apenas silêncio e vazio. Então, Eros nasce produzindo um início de ordem, e se faz Luz e Dia, e a terra (Gaia) aparece. Erebus e Nix copulam e dão nascimento a Éter, a luz celestial, e Dia, a luz terrena. Gaia, por si só, gera Úrano, o céu.
Úrano torna-se o esposo de Gaia e a cobre por todos os lados. Da união de Úrano e Gaia surgem todas as criaturas, Titãs, Ciclopes e Hecatonquiros.
A ciência actual aceita a teoria do big bang. Segundo esta teoria, o Universo teria surgido de uma grande explosão há cerca de 12 bilhões de anos, quando então as primeiras estrelas e galáxias se formaram.
Na Bíblia, o livro do Génesis narra a criação do mundo pelo Senhor Deus, começando pela criação do céu e da terra e a separação das águas, em seis dias, tendo no sétimo dia Deus descansado. Hoje, a teologia considera esta narrativa alegórica, abandonando o seu sentido literal. A Igreja Católica Romana actualmente aceita a teoria científica do big bang.
Segundo a cabala, a tradição esotérica e mística do judaísmo, a criação do mundo e do Homem deu-se por emanações de um princípio chamado de Ain Soph. Estas emanações são chamadas de Sephiroth, em número de dez, e o seu conjunto forma a árvore da vida, que representa esotericamente o Homem Arquetípico, Homem Primordial, Adam Kadmon. O mundo material é representado na árvore da vida pela sua base, que é associada a Adonai (veja: Tetragrammaton).
Na Teosofia, filosofia esotérica fundada por Helena Petrovna Blavatsky e outros, explica-se que o cosmo é emanado de um princípio que é chamado de Parabrahman, e que não é o deus criador das religiões monoteístas. Esta manifestação do cosmo ocorre de forma periódica, num ciclo eterno, sem início nem fim.
Blavatsky descreve esta teoria no seu livro A Doutrina Secreta (1888) que, segundo ela própria, tem como inspiração pergaminhos muito antigos, chamados de Estâncias de Dzyan, os quais ela teria tido acesso e teria estudado.
A cosmogénese da Teosofia tem as suas raízes na filosofia oriental, particularmente o hinduísmo e o budismo e influenciou as chamadas ciências ocultas.
O Universo e a Maçonaria ou a Cosmologia Maçónica e o Significado da Existência do Grande Arquitecto do Universo. Perceber o quanto somos pequenos pode ajudar a libertar-nos da arrogância, o pecado que persegue os cientistas.
Dyson Freeman
Sou cientista e lido com factos concretos.
A ciência é clara (ou contrario das ditas “Ciências Ocultas” onde as coisas são obscuras e nem um pouco claras). Quando olhamos para o céu nocturno, o que vemos são estrelas que, muitas vezes, sequer existem mais. Isto deve-se a um simples, porem fundamental, princípio.
A informação tem velocidade finita de propagação. E a máxima velocidade permitida pela natureza é c (da formula elaborado por Albert Einstein, E = mc2), a velocidade da luz.
Então, as luzes das estrelas que vemos hoje as deixaram há muitas tempo atrás (Alves, 2006).
Devido à imensa gama de informações cientificas disponíveis uma razão prática para dirigir-se à Divindade em termos não sectários é que o verdadeiro mistério e a maravilha da Criação não podem ser ditos (Irmão Ralph Head, Editor da Califórnia Freemason, 2007 ). Então, como e por que os Maçons de hoje chegaram a um conceito do Deus como um arquitecto e o escolheram, com reverencia, para respeitar o mistério final da existência?
Segundo Nascimento Júnior (2001) para os pensadores antigos, o mundo físico era governado pela ideia, e o modo de apreendê-la era por meio da contemplação da alma ou da observação e da lógica. Na escolástica essa ideia é Deus.
Na renascença, Deus torna-se um matemático. Em Galileu a Matemática do mundo é entendida pela experimentação.
Para Descartes o mundo é mecânico e entendido por hipóteses dedutivas.
Newton enxerga o mundo mecânico construído e corrigido pelo Deus geómetra e entendido pela observação e experimentação.
Os empiristas retiram a ideia do universo e a colocam no espírito humano.
Em Kant as regras que organizam as ideias na mente também organizam o mundo mecânico.
Em Hegel o real só é real porque é racional, e essa racionalidade vem de Deus, que transforma o mundo natural e atinge o espírito humano.
Os pensadores, influenciados por Hegel, percebem a incapacidade das leis da mecânica explicarem as leis da vida.
Comte e Bergson procuram, de forma diferente, submeter às leis da Física às leis das ciências da vida.
O universo mecanicista é absorvido pelo determinismo relativista e pelo probabilismo quântico.
A linguagem da lógica associa-se ao empirismo na descrição da ciência procurando retirar dela o idealismo e a metafísica e, após um período de florescimento, acaba não tendo sucesso.
A dificuldade da apreensão do real volta a ser o problema da ciência no final do século XX, e a procura de uma possível solução reaproxima a ciência do idealismo. Conforme Woodrow Wilson (Nobel, 1983), prémio Nobel de Física em 1978, na sua teoria sobre a quântica matéria do Universo, todas as coisas podem ter derivado do Nada (anterior ao “Big Bang”). O “Big Bang” ou a grande explosão que teria originado o Universo que conhecemos hoje. O mesmo teria como origem uma imensa condensação de material. Mas mal a origem dessa matéria?
Segundo Wilson (NOBEL, 1983) o Nada é uma criação espontânea correspondendo a um ponto critico instável/uma fase material de transição dos quais o campo espaço-tempo 3+1 e a sua origem, as partículas elementares emergiram.
Na física, o espaço-tempo é um modelo matemático que combina espaço e tempo numa só construção chamada “space-time continuum”.
O espaço-tempo é geralmente interpretado como um objecto tetra-dimensional com o espaço sendo tridimensional e o tempo tendo o papel da 4°dimensão (3+1).
De acordo com a percepção Euclidiana de espaço, o nosso Universo tem três dimensões de espaço e uma dimensão de tempo.
Pela combinação do espaço e tempo em “dobradura” os físicos têm simplificado significativamente a física teórica, bem como descrito de uma forma mais uniforme o universo a nível supergalático ou subatómico. Quando procuramos entender o Universo tanto no seu aspecto Macro ou Microscópio todas respostas convergem para um ponto a criação espontânea (ou “o Criador”). Conforme Gleiser (2001) os cosmólogos que dizem entender a origem do Universo não estão sendo honestos. Antes de mais nada, a teoria que descreve a expansão do Universo usada em cosmologia, a teoria da relatividade geral de Einstein, tem, como qualquer teoria física, limite de validade. Ela deixa de ser válida quando a matéria atinge densidades inimaginavelmente altas, possíveis bem perto do tempo “t=0”. Se o Universo está em expansão, e as galáxias estão a afastar-se cada vez mais, ao voltarmos no tempo elas estarão cada vez mais próximas.
Perto do “t=0”, a matéria estaria espremida em volumes tão pequenos que a sua densidade e temperatura seriam enormes.
Então, Gleiser pergunta-se “Será que ela explicará o mistério da Criação?” e o mesmo responde que acredita que não: essa será uma resposta científica da questão, e, portanto, calcada em leis naturais e conceitos.
Segundo ele podemos sempre perguntar de onde vêm essas leis e esses conceitos e que a melhor atitude com relação ao mistério da Criação é a de complementaridade: a ciência oferece um relato, a religião, outros (vários).
E chega a conclusão que é importante aceitar que ambos têm limitações, o que não tira em nada a sua beleza e importância.
Finalizando, o Irmão Head escreveu: “O uso Maçónico do título” Grande Arquitecto do Universo “é nossa denotação reverencial à Divindade, esse nome eterno que não pode ser nomeado”.
Roberto Aguilar . S. Silva
Bibliografia
- ALVES, M. E. S. Cosmologia na Teoria de Visser. Dissertação de Mestrado em Astrofísica, INPE, , 2006.
- GLEISER, M. Ciência e Criação. especial para a Folha de São Paulo (domingo, 18 de Fevereiro de 2001).
- HEAD, R. The Meaning of “the Great Architect of the Universe”.
- NASCIMENTO JUNIOR, A. F. Fragmentos da presença do pensamento idealista na história da construção das ciências da natureza. Ciência & Educação, 7, n.2, p.265-285, 2001
- NOBEL PRIZE. Robert Woodrow Wilson. The Nobel Prize in Physics 1978.
- WILSON, K. G. The Renormalization Group and critical phenomena. Reviews of Modern Physics 1983; 55:583-600
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