A PROFUNDIDADE DAS OBRAS CLÁSSICAS: UMA JORNADA DE COMPETÊNCIA E CONHECIMENTO

 


Ao longo dos anos, tenho me deparado com a verdade incontestável de que há coisas neste mundo que exigem uma certa competência e conhecimento antes de serem plenamente absorvidas.


Entre essas coisas, as obras clássicas da literatura ocupam um lugar de destaque.

Autores como Marcel Proust, Johann Wolfgang von Goethe, Fiódor Dostoiévski, Gustave Flaubert, Liev Tolstói, Vladimir Nabokov, William Shakespeare, Franz Kafka, Charles Dickens, Miguel de Cervantes, Machado de Assis, Clarice Lispector, entre tantos outros, não são para serem apreciados sem um conhecimento prévio, uma paciência erudita e uma mente aberta ao incompreensível.
A preparação intelectual é um requisito essencial para se adentrar no universo dessas obras. Não se trata apenas de ler as palavras impressas, mas de compreender as camadas de significado que se escondem por trás de cada frase, de cada personagem, de cada conflito.
A literatura clássica é um diálogo contínuo com a história, a filosofia, a psicologia e a própria condição humana.
Para verdadeiramente apreciar Proust, por exemplo, é necessário um entendimento da memória e do tempo, temas que ele explora com uma profundidade quase insondável.

Da mesma forma, a obra de Dostoiévski exige uma familiaridade com os dilemas morais e existenciais que permeavam a Rússia do século XIX.
Ler os clássicos requer uma paciência erudita, uma disposição para se demorar nas páginas, para refletir sobre os significados, para revisitar passagens complexas e, às vezes, desconcertantes.
A literatura clássica não se rende facilmente; ela demanda empenho, contemplação e uma disposição para o esforço intelectual.

Shakespeare, com sua linguagem elisabetana e suas tramas intrincadas, exige do leitor uma dedicação que vai além da leitura superficial. Ler "Hamlet" ou "Othello" é se engajar em uma dança com a língua inglesa, onde cada passo revela novas nuances e profundidades.
Talvez o mais desafiador seja manter uma mente aberta ao incompreensível. As obras clássicas frequentemente nos confrontam com ideias, sentimentos e perspectivas que estão além do nosso entendimento imediato.

Elas nos forçam a questionar nossas próprias certezas, a desafiar nossas suposições e a expandir nossos horizontes.
Kafka, com seu surrealismo e suas alegorias perturbadoras, nos coloca diante do absurdo e do inefável. Ler "A Metamorfose" é uma experiência que desafia a lógica convencional e nos obriga a abraçar o incompreensível como parte da condição humana.
"Em Busca do Tempo Perdido," de Proust, é necessário uma leitura lenta e deliberada, onde cada detalhe, cada memória evocada, requer uma atenção minuciosa.
Ao mergulhar em "Guerra e Paz," de Tolstói, o leitor é desafiado a entender não apenas a história da Rússia, mas a complexa camada de vidas e destinos que ele tece com uma maestria incomparável.
Cada obra clássica que encontramos exige um esforço intelectual e emocional, mas recompensa com insights profundos e uma compreensão mais rica da vida e da arte.
Diante desse panorama, percebemos que a erudição não é um fim em si mesma, mas um meio de nos conectar com a essência humana em sua plenitude.
Cada leitura torna-se um diálogo entre o leitor e o autor, onde a paciência e a mente aberta são as chaves que desbloqueiam significados ocultos.
Em última instância, as obras clássicas são um espelho que reflete não apenas a época em que foram escritas, mas também as eternas inquietações e dilemas que nos habitam, desafiando-nos a buscar o que é verdadeiramente relevante e duradouro em nossas próprias vidas.

Oliver Harden

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