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Filosofia iniciática do Grau de Companheiro

 

Contestando pelos seus próprios esforços a pergunta: De onde viemos?, o Iniciado do primeiro grau é conduzido a reconhecer a Unidade do Princípio da Vida, a Dualidade da sua manifestação nos pares dos opostos e complementares e a Lei do Ternário que faz fecunda esta Dualidade e reproduz ao infinito essa mesma Unidade na Multiplicação da criação.


Ao iniciado do segundo grau, analogamente compete-lhe buscar uma satisfatória resposta a segunda pergunta da Esfinge, Quem somos?, estudando o enigma do seu próprio ser sob o tríplice aspecto de “produto da evolução da natureza”, de “ser individual dotado de autoconsciência e razão” e de “expressão ou manifestação directa da Vida única, para a qual tende constantemente com o seu progresso”.

O Companheiro se enfrenta assim com o gnothi seautón (conhece-te a si mesmo!) dos iniciados helenos, e nesta contestação, que deve ser individual para que seja individualmente satisfatória, não pode oferecer lhe nenhuma ajuda os diferentes dogmas e crenças, positivas ou negativas, pelos quais as religiões e ciências profanas só adormecem as consciências.

Como com a peneira em Elêusis se separavam os grãos amarelos do trigo (consagrados a Ceres) das negras sementes de papoula (consagradas a Morfeu), assim compete ao Companheiro discernir claramente entre a clara semente da Verdade que conduz a fonte de Mnemósine, a memória ou conhecimento da Realidade, cuja bebida se consegue a imortalidade e a negra semente do erro que conduz ao Letes, a Fonte do esquecimento que produz a morte da consciência, sepultada na ilusão da matéria [1].

A contestação a pergunta: Quem somos?, por meio da Lógica, da Aritmética e da Geometria, e sob o tríplice ponto de vista de que temos falado, o conduz naturalmente ao estudo das propriedades dos números quatro, cinco e seis e dos conceitos filosóficos e geométricos que se relacionam com os mesmos.

Meditando sobre estes números e relacionando-os com as propriedades do seu ser, à luz dos conhecimentos adquiridos com os três primeiros, por meio daquele discernimento que mede e determina constantemente o progresso iniciático, chegará a orientar-se neste Caminho (simbolizado por cinco viagens) e descortinando as trevas da aparência, que como o véu de Ísis, escondem a Verdade ao entendimento profano, alcançara o Oriente, de onde resplandece a Estrela luminosa e, no seu centro, a Letra sagrada, fonte dessa Luz.

Porém este resultado não se consegue lendo muito sem meditar, nem escutando sem reflectir, senão escutando e lendo com “discernimento”, e aprendendo a pensar por si mesmo, exercitando-se só, constantemente no uso dos seus próprios instrumentos mentais, com os quais fará perfeitamente justas, planas e polidas as seis faces do Cubo simbólico da sua Individualidade.

O número quatro

Assim como o número um, simbolizado pelo ponto, indica o espaço potencial sem dimensões, e o número dois, determinando a linha, mostra a primeira dimensão, o número três, formando com o triângulo a primeira figura plana, determina, junto com o plano, o espaço bidimensional.

Analogamente, o número quatro constitui com as três linhas e os três planos que se encontram no vértice de um ângulo triedro, o espaço tridimensional da nossa experiência objectiva.

Assim, pois, enquanto os três primeiros números se referem mais especialmente aos Princípios que governam o Universo e a Origem Primeira das coisas (Mundo Divino no qual existe em principio e do qual procede e se desenvolve desde o interior ao exterior toda manifestação objectiva) o número quatro introduz-nos no reino da experiência sensível, determinando as três (ou seis) dimensões do espaço.

Os primeiros quatro números determinam, além disso, as quatro figuras fundamentais do simbolismo hermético: o círculo, formado por todo ponto isolado convertido em centro de actividade, manifestando-se desde de dentro para fora: a cruz formada por duas linhas (duas manifestações duais ou bipolares da Unidade) que se conjugam ou seccionam rectamente; o triângulo determinado por três pontos ou três linhas que produzem os seus três ângulos ou aspectos; o quadrado, que com quatro pontos e quatro linhas, determina e circunscreve igualmente quatro ângulos. E a soma dos quatro forma o número dez, que não nos compete examinar aqui.

O Tetragrama

As quatro figuras anteriores tem uma evidente correspondência com as quatro letras do tetragrama, nome hebraico da Divindade que não se permitia pronunciar, e cuja perfeita vocalização não pode ser conhecida senão pelo iniciado na sua compreensão.

A primeira letra, iod, a mais pequena do alfabeto hebraico, corresponde evidentemente com o ponto, origem e centro de todo círculo, ou seja, com princípio Originário de toda manifestação.

A segunda, he, representando uma expiração, corresponde com a manifestação, que conduz aos dois Princípios, complementares ou antinómicos, que integram o ângulo e a cruz.

A terceira, vo, formada pelo ponto que desce em linha vertical, mostra a Unidade que se produz e chega criativa no Binário (indicado por he) produzindo-se assim o Ternário ou triângulo, que representa as três propriedades universais da actividade, da inércia e do ritmo. É o ponte ou nexo que conecta a Dualidade da manifestação com o Princípio Originário e a faz fecunda e produtiva – o Amor que une ao Pai e a Mãe, engendrando o Filho.

A quarta letra, que é um he duplicado, expressa a manifestação visível, originada pelos dois Princípios que constituem a manifestação latente, ou seja a Cruz que se concretiza e realiza em forma contingente no quadrado.

Chegamos assim a compreender o sentido da “Tétrada, fonte perene da Natureza”, da que nos fala Pitágoras através dos Versos Áureos, como do Supremo Mistério da criação.

As quatro fases criadoras representadas nas quatro letras do Nome do Ser criador, correspondem gramaticalmente: ao sujeito de uma preposição (caso nominativo do nome ou pronome); o atributo, que denota a actividade ou maneira de ser própria do sujeito (verbo, ou bem adjectivo que, pela sua qualidade, denota e implica a tal actividade); ao objecto dessa actividade ou maneira de ser (complemento directo expresso pelo caso acusativo); ao complemento indirecto, de termo ou relação, que especifica as circunstâncias da acção.

Estes quatro elementos da oração aparecem com toda clareza no primeiro versículo do Génesis:

  1. Deus (sujeito).
  2. Criou (atributo).
  3. o céu e a terra (complemento directo).
  4. no principio (complemento indirecto).

Os quatro elementos

Se correspondem também as quatro letras do Nome Sagrado com os quatro elementos, representados simbolicamente pelos quatro braços da Cruz e formados pela polarização do mercúrioAkasha ou Quintessência, nascida da união do Princípio Masculino ou Activo (o enxofre) com o Princípio Feminino e Passivo (o sal), que correspondem, respectivamente, com a linha vertical e horizontal da Cruz.

A polarização do mercúrio (o centro da cruz) segundo a linha vertical do enxofre, produz respectivamente o fogo ou princípio de expansão (que origina a força centrifuga e toda forma de irradiação) como polaridade negativa (que origina a força centrípeta e toda forma de movimento, rotação ou translação). A mesma polarização, segundo a linha horizontal do sal, produz a água ou princípio de umidade, união ou solução no seu aspecto positivo, e a terra ou princípio do seco, coesão e separação no seu lado negativo; a primeira é, portanto, a força que dissolve em si e reúne as substâncias – formando-se ou nascendo assim no seu seio a vida orgânica -, enquanto a segunda desagrega e separa, com a sua mesma coesão, as diferentes substâncias, solidificando-as e individualizando-as, como aparece no processo de cristalização.

Os quatro elementos assim diferenciados aparecem em cada uma das quatro triplicidades, das quais, segundo a Astrologia, resulta formando o Zodíaco, circunscrição ou expressão circular de todo universo.

No homem, encontramos uma análoga polaridade, correspondendo o Fogo ao peito e ao coração que produz o calor vital, o Ar e as pernas que movem o organismo, a Água ao lado direito e a função assimilativa, tipificando no fígado, a Terra no lado esquerdo e na função dissimulativa, evidenciada na parte descendente do intestino que se encontra de tal lado. Simbolicamente a mão direita corresponde ao princípio que liberta ou dissolve e a esquerda ao que ata ou coagula.

No homem (ou microcosmo), como na natureza (ou Macrocosmo), a essência Primordial (una e trina), resulta naturalmente crucificado pelos quatro elementos, assim como pelas quatro direcções do espaço que tradicionalmente lhes correspondem:

  • O Oriente, assento de Agni e de Prana (a função respiratória), que corresponde com o fogo;
  • O Ocidente, assento dos Martus e de Apana (a função dissimulava), que corresponde ao ar;
  • O Sul, assento de Indra e de Viana (a função formativa), que corresponde com a terra;
  • O Norte, assento de Varuna e de Samana (a função assimilativa), que corresponde com a água [2].

O quaternário

Os quatro elementos dos que acabamos de falar definem e circunscrevem o reino ou domínio do Quaternário, simbolizado pelo quadrado, que naturalmente representa a quadratura de todo círculo, ou ciclo de manifestação.

Este quaternário é aquele que delimita e constitui toda a natureza, da qual os elementos constituem os princípios activos, que resultam das três qualidades (Rajas ou Enxofre, princípio de actividade, Tamas o Sal, principio de Resistência, Satva ou Mercúrio, princípio rítmico), e no que estas operam.

São estes quatro elementos, junto com os quatro pontos cardeais e as quatro dimensões e instesianas, os quatro braços de Brahma, a Divindade Criadora, e a cruz que determina faz-se, pelo seu movimento ou actividade cíclica, resvala e roda, aparecendo tal como no Zodíaco: a Roda da Fatalidade que ata os seres, na medida da sua inconsciência, ao determinismo aparentemente cego da Lei de acção e reacção; e a Roda da Fortuna, quando se fazem livres, manifestando a sua consciência e livre arbítrio.

Relacionando os elementos com as estações, podemos fazer corresponder o Ar com a Primavera, que estimula os ventos, o Fogo com o Verão, quando o sol resplandece com mais força e plenitude, a Água com o Outono, que manifesta a produtividade que caracteriza este elemento, e a Terra com o Inverno, quando a vida se retira e descansa no seio deste elemento, preparando-se para um novo ciclo de crescimento e produtividade.

No mundo moral, o Fogo corresponde naturalmente com a vontade e a imaginação; o ar com o pensamento, o juízo e a reflexão; a Água com o sentimento, a emoção e a sensação; e a Terra com a percepção, o sentido prático e a acção. 

O domínio do primeiro faz aos homens enérgicos, entusiastas, violentos e dominadores; o segundo os faz inteligentes, amantes do estudo e buscadores da Verdade; o terceiro elemento os faz particularmente sensitivos e impressionáveis; o quarto os fazem industriosos e laboriosos, tenazes e perseverantes. O fogo acompanha-se, além disso, com o temperamento bilioso, o ar com o temperamento sanguíneo, a água com a tendência linfática e a terra com o temperamento nervoso, aspiração para o mais nobre e elevado.

Correspondem, além disso, com os quatro elementos – o mesmo que com os quatro Vedas, os quatro Evangelhos e as quatro Verdades – os quatro animais sagrados que constituem a Cruz Zodiacal, formando a Esfinge e a Coroa dos Magos:

  • O Touro, iluminado por Aldebaran, representa a terra, fecunda e produtiva;
  • O Leão com Régulo, que representa o fogo prepotente, atrevido e voraz da paixão;
  • A Águia com Antares, indica a água exaltada como aspiração para o mais nobre e elevado;
  • O Filho do Homem, que resplandece por baixo de Altair, representando o ar que confere a consciência e o conhecimento da Verdade.

O quadrado

Assim como o triângulo é a expressão da trindade, o quadrado é a expressão do quaternário. O primeiro define e circunscreve o Mundo Divino; o segundo representa e sintetiza em si mesmo a Natureza. O mesmo Zodíaco, sínteses das influências cósmicas, pode representar-se subdividindo em triângulos o espaço compreendido entre dois quadrados, formando o conjunto a figura conhecida com o nome de “planta da nova Jerusalém”, usada pelos astrólogos medievais para os seus horóscopos.

Um quadrado foi sempre considerado com a imagem de um Templo perfeito, e com um quadrado se representa em geral o Templo de Salomão. 

O Templo Maçónico, imagem simbólica do Universo, é um quadrilongo estendido do Oriente ao Ocidente (ou seja, na direcção da luz) e compreendido entre o norte e o sul. 

Todos os templos da antiguidade, e especialmente os que na sua construção levam o selo de uma mão mestra, estão caracterizados por uma orientação semelhante.

O quadrado, é pois, depois do círculo, a mais perfeita entre as figuras planas, por ter quatro lados iguais e em perfeita esquadria uma com a outra, reproduzindo seus quatro ângulos os 360° da circunferência; por esta razão se fala da quadratura do círculo, porem não da sua triangulação. Esta perfeita rectidão de todos os seus ângulos é a que permite calcular a sua superfície pela simples multiplicação dos seus lados.

A pirâmide

A união do ternário com o quaternário realiza um perfeito quinário na pirâmide, que constitui o plano arquitectónico dos grandiosos monumentos que nos voltam a antiguidade egípcia, mudas testemunhas da Sabedoria Construtora, da que nos podemos gabar, ser como maçons, os herdeiros. Assim como o delta (ver a este propósito o “Manual do Aprendiz”) pode considerar-se como a projecção do tetraedro sobre um dos seus lados, assim também o quadrado como o ponto central, símbolo da Loja Maçónica, é analogamente a projecção de uma pirâmide de base quadrada.

Na Pirâmide vemos o ternário divino que se realiza em cada uma das suas faces, correspondentes aos quatro elementos, cada um dos quais aparece na sua triplicidade (segundo as três gunas ou qualidades de actividade, inércia e ritmo) exactamente como o Zodíaco. As quatro linhas que unem as faces, mostram as qualidades comuns aos elementos de dois em dois: masculinos e femininos, positivos e negativos; e as quatro linhas inferiores representam os quatro elementos no mesmo plano (o plano do Templo Perfeito), em correspondência com as quatro direcções cardinais.

O vértice superior indica a Quintessência, o quinto principio ou elemento, que corresponde ao Verbo Inteligente manifestado na Loja, da qual se originam os quatro e na qual desaparecem; e também o Princípio Originário do Universo, “por meio do qual todas as coisas foram feitas”.

A Loja é por consequência, com a Pirâmide, uma representação perfeita do Universo nos seus princípios ou elementos constituintes. 

Além disso, é o emblema de toda construção perfeita e de toda perfeita Obra Humana ou Social. Por esta razão a pedra cúbica, símbolo da perfeição em si mesma, se só fazer terminar numa pirâmide. E uma pirâmide é também o emblema de toda perfeita organização social, na qual cada membro ocupa o seu grau e o lugar que lhe corresponde, cumprindo assim com o seu dever e a sua missão na vida.

Também o triângulo deve o seu valor especial ao facto de formar parte de um quadrado. Imagem da pedra cúbica, e o plano ideal de todos os edifícios, o quadrado é, portanto, o emblema de toda realização e de toda Obra Perfeita. Os nossos “aventais” têm a forma de um quadrado; quadrangular é a Ara no centro dos nossos Templos; e a mesma Loja se representa por um quadrado com um ponto no meio, que corresponde a Ara e representa o Verbo, o elemento vital animador que caracteriza a actividade Maçónica dentro do domínio dos quatro elementos, ou seja das suas quatro direcções cardinais.

A quintessência

Este quinto elemento, superior aos quatro primeiros (a Quintessência ou mercúrio filosófico dos alquimistas) faz-nos passar do quaternário ao quinário, e do domínio da matéria ao da Vida e da Inteligência. Foi, pois, no quinto dia, ou seja, pela obra deste quinto elemento quando, segundo o Génesis, apareceram os animais sobre a terra.

Falando dos quatro elementos, os temos feito originar do mercúrio, que representa a Quintessência ou quinto elemento, por efeito da sua dupla polarização nos quatro braços da cruz; o mesmo mercúrio teve a sua origem na união do enxofre com o sal, representados pelas duas linhas vertical e horizontal que concorrem a formá-la. Este “mercúrio” (que não deve confundir-se de nenhuma maneira com o metal do mesmo nome) corresponde, por conseguinte, ao centro da Cruz, que é o ponto de intercessão dos dois Princípios ou elementos primordiais, que levam na simbologia hermética o nome do Sol e da Lua, além disso de ser o ponto de origem dos quatro elementos ordinários.

Além de ser o princípio neutro dos quatro elementos formativos da matéria e, por consequência, de toda manifestação material, o mercúrio filosófico, também representa a vida que se funde em tal elementos, alem da energia que os anima, o princípio inteligente que se expressa em dita vida e realiza no homem as suas possibilidades superiores.

Há pois que considerar cinco fases distintas na manifestação da mesma Quintessência: primeiro, a da sua origem; segundo, como origem dos quatro elementos; terceiro, a energia que os compenetra, permanecendo o centro estático equilibraste dos mesmos; quarto, a vida que os anima, e quinto, a inteligência que governa a vida orgânica e se serve da mesma para as suas possibilidades superiores.

A origem da vida

A origem da vida acha-se assim descrita no fragmento hermético conhecido com o nome de Tábua de Esmeralda:

“O Sol é o Pai, a Lua é a Mãe, o Vento o levou no seu seio, a Terra é a Nutris:

O Pai de tudo, o Telesma, esta aqui: a sua força inteira é convertida em terra”.

O Sol e a Lua, se referem respectivamente ao enxofre e ao sal, assim como as suas manifestações positivas no fogo e na água; o ar, princípio negativo do enxofre, se converte, mediante o alento, no veículo do fogo vital e da mesma vida, e finalmente a terra, assinalada pela água materna, que mantém as características do organismo e a sua individualidade, concorre a dar-lhe forma e consistência.

Enquanto ao princípio da vida (o “Pai de tudo ou “Telesma”) é o mesmo mercúrio nascido pela união do enxofre com o sal, ou seja do Sol com a Lua.

Seria difícil condensar em tão poucas palavras uma sabedoria mais profunda: os enigmas dos quais a ciência profana busca em vão a solução, se acham resolvidos desde séculos e milénios para os iniciados na compreensão da natureza intima das coisas, que dizer, para os que não se contentam com um estudo, indagação e observação puramente exterior, senão buscam a essência metafísica da aparência material ou fenoménica, e por meio da sua inteligência ingressam no Santuário da Natureza Naturante, da qual a Natureza Naturada, estudada pela ciência ordinária, é simplesmente a manifestação exterior ou visível.

Os cinco tatvas

Os quatro elementos, em união com a Quintessência, formam os cinco Tatvas ou Bhutas, os princípios elementais da matéria física, segundo a filosofia tradicional da Índia: Akasha, Vayu, Tejas, Apas e Prithivi, que se traduzem ordinariamente como Éter, Ar, Fogo, Água e Terra. Não há necessidade de dizer que estes princípios não devem confundir-se com as suas manifestações materiais, ou sejam os estados da matéria, que se tomam unicamente como símbolos dos mesmos. 

Deles ,os Upanishads nos falam nos seguintes termos: “O universo é originado pelos tatvas, sustentado pelos tatvas, e se dissolve nos tatvas”. Estes tatvas tem, pois simultaneamente valor e importância como princípios cósmicos, energéticos e vitais, enquanto produzem a matéria, a anima com as suas energias (emanando cada um deles uma particular modalidade vibratória nos seus átomos e moléculas), ao mesmo tempo que presidem as diferentes funções orgânicas e regram as manifestações da vida nos seus diferentes aspectos.

Akasha, o princípio etéreo do “espaço”, dá a cada coisa, forma ou expressão da vida, o lugar correspondente para sua manifestação: é o veículo do Verbo ou do som (Shabda), na sua essencial primordial. A sua vibração acha-se representada por um círculo cheio de pontos, imagem do espaço, cuja existência se relaciona com a sua manifestação. Preside os órgãos do ouvido e da voz e a função orgânica directora da vida conhecida com o nome de Udana, que regula a saúde e a enfermidade. É amargo e a sua cor é o branco ou índigo escuro.

Vayu (etimologicamente “vento”) é o princípio do “movimento” e da locomoção. A sua vibração acha-se representada por uma esfera, quer dizer, pela forma que naturalmente se produz em toda a matéria em movimento. Preside a função orgânica conhecida com o nome de Prana ou respiração, o órgão do tacto, as mãos como órgãos de acção e todo movimento e actividade do organismo. A sua cor é azul ou verde e o seu sabor ácido.

Tejas ou Agni, o Fogo, é o princípio de “expressão”, veículo da luz e do calor. A sua vibração representa com um triângulo, enquanto procede para cima e forma ângulos agudos. Preside a função orgânica de Samana ou nutrição, o órgão da vista e dos pés, como órgãos da acção. A sua cor é vermelho e o seu sabor picante.

Apas (as águas) é o princípio de solução. A sua vibração se irradia para baixo e está representada por um semicírculo ou semi-lua, manifestando o movimento ondulatório próprio do liquido elemento, que se move com toda facilidade, sem perder nunca a sua unidade. Preside a função conhecida como Viana ou formação, o órgão do gosto e o reprodutor. A sua cor é branco prata ou violeta e o seu sabor salgado.

Prithivi é o princípio de coesão, produzindo a solidez característica da terra neste estado. Representa-se portanto por um quadrado que corresponde a forma particular da sua vibração, que procede por ângulos rectos. Preside a função vital Apana, ou excreção, ao olfacto entre os sentidos, e ao ânus entre os órgãos activos. A sua cor é amarelo e o seu sabor doce; o seu som, grave.

Cada um destes cinco elementos deve ser considerado como a expressão física de um princípio (ou modalidade vibratório-formativa) metafísico ou mental, que o corresponde, chamado tanmatra. E isto por sua vez não seriam outras coisas senão diferenciações do primeiro princípio universal da objectividade, chamado Praktri ou Shakti, sendo este na sua natureza essencial simplesmente o poder de Purusha ou Shiva, o princípio universal da consciência ou subjectividade de todo o existente.

A rosa e a cruz

Também se relacionam com o quinário o símbolo da Rosa e da Cruz, emblema conhecido de um importante grau superior. A rosa – o quinto elemento, e em si mesma, pelas suas cinco pétalas, um quinário ou o pentagrama -, representa a vida nascida na cruz dos quatro elementos que forma a matéria, aos que anima com as suas folhas (a vida vegetativa) que se estende sobre os quatro braços da cruz.

A rosa na cruz constitui uma perfeita união do quinário com o quaternário, ou seja dos cinco elementos que expressam a vida (ou tatvas dos que acabamos de falar) com suas manifestações materiais que integram o mundo dos objectos. Como pentagrama no meio da cruz, a rosa representa ao homem crucificado ou expresso nos quatro elementos materiais, e os seus cinco sentidos, por meio dos quais se manifesta e obra sua inteligência, no reino de tais elementos. E também a Natureza que expressa a sua quíntupla potencialidade criadora dentro das quatro direcções ou dimensões do mundo fenoménico.

Quanto ao significado iniciático e místico do símbolo da Rosa e da Cruz, reservamo-nos a examiná-lo detidamente no VIII Manual desta série.

Os cinco sentidos

Cumpre-nos dizer algo, todavia, sobre os cinco sentidos e as cinco funções activas, simbolizados uns e outros nas cinco pontas do pentagrama e representados, respectivamente, em nove e sete órgãos distintos. São estes, evidentemente, com as cinco funções vegetativas (respiração, digestão, circulação, expressão e reprodução) as mais características expressões do quinário, que é o número que preside a todas as manifestações da vida, especialmente animal, que se encontra no homem sob o domínio de um princípio superior.

A observação da “vida psíquica” dos animais nas suas fases mais elementais, leva-nos a reconhecer como primeiro sentido a percepção indistinta de uma presença em geral distanciada e relacionada com o espaço, para o qual se formou um órgão cujo desenvolvimento pode muito bem ter sido anterior à capacidade de se mover.

Paralelamente com este órgão desenvolveu-se a capacidade de se expressar por meio de ruídos instintivos que evolucionaram finalmente na voz humana.

O órgão da vista nasceu depois, como evolução daquela sensibilidade a acção da luz, que é muito evidente também no reino vegetal, manifestando-se a acção dos diferentes raios em distintos pigmentos que se desenvolveram sob sua influência, análogos aos que se encontram também nos nossos olhos.

Paralelamente à vista desenvolveu-se a capacidade de se mover ou se estender em determinada direcção, faculdade que manifestam também as plantas, crescendo em direcção a luz, que estimula o seu movimento.

O órgão do tacto, apesar de que pareça o mais material, não é o primeiro na escala evolutiva, estando relacionado com a faculdade de pôr-se em contacto e, por onde, de “ir” em determinada direcção, impulsionando-o a ele uma percepção anterior de diferente natureza. Este órgão é um complemento evidente da vista e do ouvido, enquanto por meio do mesmo nos é dado assegurar-mos da realidade física ou tangível do que vemos ou ouvimos.

Assim como o órgão da vista impulsiona naturalmente a tocar o que um vê, desenvolvendo as mãos na sua dupla função de órgãos activos e sensitivos (função especialmente característica do homem) e os pés para mover-se na mesma direcção, assim também esta capacidade fez evolucionar o gosto, ao que podemos considerar como uma espécie de tacto refinado que nos permite reconhecer pelos seus sabores as diferentes substâncias, na sua relação de afinidade com as substâncias que integram o nosso organismo, distinguindo especialmente as que melhor podem aproveitar-se neste como materiais de construção.

Os órgãos de geração tem uma manifesta afinidade como o tacto e o gosto, prevalecendo o primeiro dos dois (como expressão dos elementos masculinos fogo e ar, derivados do enxofre) no órgão masculino, e o segundo (expressão análoga dos elementos femininos água e terra, derivados do sal) no feminino.

Enquanto o sentido do olfacto, ou seja a capacidade de reconhecer a natureza das substâncias difundidas no ar, é um dos últimos na escala evolutiva, já que tem um desenvolvimento distinto unicamente nos animais superiores, paralelamente com a função respiratória, e é provável que se ache destinado a refinar-se, especialmente na espécie humana. A faculdade activa que o corresponde, a de emitir odor, é evidentemente a mesma função excretora relacionada intimamente com a faculdade genésica, como aparece também naquelas plantas e alguns animais (como o cervo e o almisqueiro) que a desenvolvem em forma mais atractiva, tanto que se caçam para apossar-se do seu perfume.

A inteligência

Por meio dos sentidos se desenvolve a inteligência (o sexto sentido ou “sentido interior”, chamado Buddhi na terminologia indica) que corresponde ao centro do Pentagrama, ou seja a consciência individual e a faculdade de perceber e reproduzir interiormente os objectos da sensação. Com a sua Inteligência, e segundo o desenvolvimento da mesma, o homem chega a conhecer mais ou menos intimamente todas aquelas coisas que por meio dos mesmos sentidos se lhe revelam.

Os hindus fazem corresponder a cada órgão da sensação ou sentido exterior uma análoga faculdade ou sentido interior, por meio do qual se efectua a percepção correspondente. Portanto a nossa mente pode representar-se por uma estrela de cinco pontas que indicam os seus cinco sentidos, enquanto ao centro permanece a consciência com a sua tríplice faculdade de reconhecer as percepções, reconhecer-se a si mesma e reconhecer as relações entre todas estas coisas.

Esta faculdade é a da inteligência nos seus diferentes graus de desenvolvimento, que caracterizam um diferente grau de elevação ou evolução sobre o reino animal.

Primeiro existe a simples faculdade de perceber por meio dos sentidos, as coisas exteriores formando-se um “reflexo” interior que reproduz a sensação como percepção. Várias percepções que se referem a um mesmo objecto, condensam-se num local, ou seja na recepção interior das mesmas como unidade, que origina a memória. Estes dois primeiros estados se produzem no homem igual que nos animais.

Vem depois a faculdade de emitir conceitos concretos, reunindo-se ou sintetizando-se numa só imagem interior vários locais da mesma natureza, ou que tem algo em comum entre eles. Assim, por exemplo, depois de ver vários cavalos, se forma um único conceito geral do cavalo que não corresponde a nenhum destes cavalos particulares, senão que os sintetiza e os compreende todos numa única ideia; o mesmo pode dizer-se de todas outras coisas. Esta faculdade é própria do homem e tem a sua expressão natural no linguajar articulado que manifesta as ideias e que se diferencia portanto do linguajar não articulado dos animais que expressa unicamente as impressões.

O mesmo linguajar mostra o desenvolvimento desta faculdade nas diferentes raças. Assim, por exemplo, o facto de alguns povos tenham uma palavra para designar a vaca branca, outra para a vaca negra e outra para a vaca de cor, sem ter uma só palavra genérica para designar a vaca, mostra que lhes falta a ideia ou conceito geral de “vaca”. Os povos intelectualmente mais evoluídos o são também e sobre tudo na faculdade de expressar nos seus idiomas conceitos e ideias gerais, em preferência dos conceitos e ideias particulares, considerados como aspectos daqueles. Isto explica também a natural prioridade do politeísmo sobre o monoteísmo, toda vez que a imaginação predomine sobre a reflexão e a razão, e como aquele sempre prevalece entre as massas populares, de uma forma ou de outra, e só uma exígua minoria pode chegar a formar uma ideia mais universal da Divindade como sínteses pré-antimónica e Unidade Transcendente e Absoluta do todo existente.

As primeiras duas destas faculdades, percepção e a memória, são primordialmente subconscientes, em que constituem a base necessária das faculdades propriamente conscientes. 

A terceira, a imaginação ou concepção, constitui o laço de união e ponte, por assim dizer, entre a consciência e a subconsciência: a sua actividade caótica ou semi-caótica nos sonhos e no estado de hipnose, faz-nos ver com toda a claridade até onde pode chegar, toda vez que não seja regulada pela consciência e dirigida pela razão.

A razão

A Inteligência desenvolve-se e evolui com a faculdade de abstrair e generalizar, procedendo constantemente do particular para o geral, da visão concreta a percepção abstracta, do símbolo a realidade que nesta se revela, do domínio da forma ao da essência, e do fenómeno a sua causa, ou seja do Ocidente ao Oriente simbólico.

Assim chegamos ao quarto e quinto graus que representam a evolução do poder intelectivo, caracterizados respectivamente pela capacidade de conceber ideias gerais e abstractas. Por exemplo, da ideia particular do cavalo e das outras ideias relativas a seres semelhantes, evoluciona a ideia geral de “animal”, é desta, a sua vez, a ideia abstracta da “vida”, comum a todos os seres manifestados, sem aplicar-se particularmente a nenhum deles.

Com esta faculdade de comparação e abstracção, se acompanha a de formar juízos das coisas, ou seja, a razão que diferencia a inteligência humana da inteligência puramente instintiva dos animais.

Razão (do latim ratio) é uma palavra que tem originariamente vários sentidos, sendo entre eles fundamental o de “divisão, parte ou medida” que implica exactidão e precisão, aplicando-se por extensão àquela faculdade da inteligência por meio da qual apreciamos devidamente as coisas e julgamos rectamente delas e das suas recíprocas relações.

De acordo com a simbologia maçónica, a Razão vem a ser o esquadro ou norma que se une a “faculdade compreensiva” da Inteligência, representada pelo compasso. A união perfeita destes dois instrumentos ou faculdades conduz ao homem a Verdade, representada pela letra G que em união com a estrela, se encontra entre o esquadro e o compasso.

lógica é o caminho que nos conduz a essa Verdade, enquanto, por meio do silogismo ou união dos dois discursos ou juízos, sacando dos mesmos uma determinada conclusão, forma aquela cadeia ou concatenação inteligente que, como a cadeia de união dos nossos templos, parte do Ocidente simbólico para conduzir ao Oriente da Realidade, ou seja a uma perfeita compreensão dos Princípios que governam as coisas visíveis.

A intuição

Sem dúvida, o poder da Inteligência e da Razão se acham constantemente relacionados com o desenvolvimento da faculdade de abstracção, sendo os seus limites individuais os mesmos limites alcançados no indivíduo por essa faculdade.

A aritmética e a geometria, sobre as quais o Companheiro se há-de exercitar com o auxilio da lógica, referem-se principalmente a disciplina das ideias abstractas e universais, só por meio das quais podemos chegar ao relacionamento da Verdade que forma a meta das nossas aspirações filosóficas.

Neste caminho e mediante o seu exercício chegamos a um ponto no qual os instrumentos ordinários da Inteligência cessa de servir-nos. Aqui muitos se desorientam, e vendo inúteis os meios de que se serviram proveitosamente para alcançar este estado se retiram decepcionados, na crença de que não é possível prosseguir adiante.

Efectivamente, todas as regras usadas até agora se confundem as línguas em certo ponto da construção da Torre de Babel, de acordo com a lenda bíblica, já que é certo que nenhuma medida humana pode alcançar e medir o infinito. Assim, se considera este limite, marcado pela mesma Aritmética e a Geometria, como o non plus ultra do conhecimento humano, e se põe aqui as barreiras entre o conhecível e o incognoscível.

Porém onde não chega a razão alcança o poder da Inteligência, a faculdade destinada no homem a formar a mística escada que une a Terra com o Céu. uma nova faculdade tem que manifestar-se e desenvolver-se aqui, constituindo o sexto grau na evolução da Inteligência: a faculdade da intuição. Enquanto todos os esforços cumpridos até agora procedem de baixo para cima, a Intuição vem de cima para baixo, como uma nova luz ou compreensão sintética e imediata, que conduz a superar os limites fixados por Hércules da Inteligência Racional: discernindo esta Luz pode assim lograr e estabelecer-se no sexto grau da mística escada, adquirindo uma nova consciência da realidade de si mesmo e de todas as coisas.

Em outras palavras, o poente simbólico entre a Geometria e a Gnoses, significadas pela letra G, pode e deve franquear-se por meio do Génio individual, que nos guia neste caminho, e que Dante no seu poema imortalizou como Beatriz, ou seja a intuição da Realidade Supra-sensível e por onde beatífica, que guia ao homem aonde cessa o poder da Razão simbolizado por Virgílio, uma vez que temos chegados com esta ao extremo limite que a Inteligência Racional pode alcançar.

As cinco ordens de arquitectura

As cinco ordens de arquitectura estudados pelos antigos construtores, caracterizados pelas suas colunas, segundo aparecem na ilustração, podem servir como uma representação material dos cinco estados da inteligência, dos que acabamos de falar.

Estas colunas distinguem-se principalmente pelos capitéis, ou seja pela sua capacidade sustentadora do edifício mental que as coroa, na que se demonstra uma constante evolução, até um limite que não pode superar-se sem destruir as Leis ou regras da Harmonia e da Beleza.

O Toscano e o Dórico – os dois mais sólidos e simples – mostram a Inteligência rudimentar baseada sobre as percepções e a memória das mesmas, que o homem tem em comum com os animais. O Jónico indica os conceitos concretos elaborados sobre os primeiros, o Coríntio e o Composto, as ideias gerais e abstractas que provem das ideias mais particulares e concretas, expressando respectivamente a imaginação, o juízo e a compreensão.

Enquanto o edifício simbólico, construído pelos esforços da Inteligência Individual, a sua forma afecta melhor a imagem da Pirâmide da qual já falamos, que apoia a sua base tetragonal sobre a observação do mundo fenoménico, e desde o estudo dos factos, por meio dos quais chegam a formar-se os seus conceitos, passa a inferir e reconhecer as Leis que os governam, e por estas os Princípios fundamentais e primordiais, representados pelas ciências matemáticas, que nos introduzem no domínio da Metafísica, quer dizer, na compreensão da Realidade Transcendente simbolizada no ponto que constitui o Vértice da Pirâmide, o Oriente e a Origem primeira de toda Verdade, como de toda Realidade.

A Pirâmide truncada, símbolo dos conhecimentos puramente fenoménicos.

A Torre de Babel, símbolo dos esforços mal dirigidos fenoménico.

Passamos assim desde o domínio das ciências naturais, que constituem a parte inferior da Pirâmide da Gnose, ao das ciências físicas e matemáticas que informam a sua parte média, e destas as ciências metafísicas por meio da quais se constituem a sua parte superior, e sem as quais cairia truncada com a Torre de Babel, exemplo típico de toda construção que não se acha dirigida pela Sabedoria que provem do conhecimento das Causas e do discernimento do Real.

O pentagrama

No podemos deixar o estudo simbólico do número cinco sem examinar também o pentágono que, em união com estrela de cinco pontas ou pentagrama, o expressa geometricamente.

O pentagrama é uma figura muito usada pela Natureza nas suas construções minerais e orgânicas: tem face pentagonal várias espécies de cristais, e também afectam estas forma muitas folhas e células vegetais e animais. A mesma rosa primitiva forma um pentágono, com as suas cinco pétalas, como podemos ver no símbolo da Rosa na Cruz.

A solidez do conjunto desta figura geométrica a fez também eleger mais de uma vez pelos construtores de fortes, pois os seus ângulos obtusos oferecem mais resistência que os de uma construção quadrada.

A mesma Estrela Flamejante sai da sombra de um pentágono que a circunscreve e que representa mui bem as forças latentes da Natureza e a região obscura da mente que constitui o subconsciente na qual se destaca brilhante e luminosa, segundo expressa a pura luz da Consciência.

Unindo-se dois ou três dos seus vértices dividimos o pentágono, respectivamente, num triângulo e um quadrilátero ou em três triângulos. A primeira figura mostra a união do ternário com o quaternário e apresenta analogia com o avental maçónico; a segunda é outro emblema do ternário ou trindade.

A secção áurea

A união do pentágono e do pentagrama tem também importância enquanto a proporção existente entre o lado do pentágono e a linha que une seus vértices alternados (delimitando o pentagrama) dá-nos com exactidão essa secção áurea, conhecida pela matemática desde os tempos mais antigos, sobre a qual se fundava o cânon estético de várias civilizações, como aparece na escultura e arquitectura tanto grega como egípcia, e nas obras dos grandes mestres do renascimento.

Essa proporção constante, que a estrela de cinco pontas põem igualmente em evidência (sendo a proporção da distância entre duas das suas pontas e cada uma das cinco linhas que servem para a traçar), acha-se indicada matematicamente pela fórmula:

Tal proporção áurea é tal que, quando se divide uma linha segundo a mesma nas duas partes desiguais, corresponde a proporção entre estas, como a proporção entre a maior e a linha inteira. Um corpo humano perfeito parece obedecer-lhe, sendo a seção áurea determinada, pelo que se refere a altura, pelo umbigo; a mesma proporção pode observar-se, de diferente maneira, na relação entre as suas diferentes partes.

Daqui a importância que davam ao pentagrama, entre outros, os pitagóricos, sendo a estrela de cinco pontas o emblema da sua escola (por meio do qual os seus discípulos também acostumavam reconhecer-se), e a importância que igualmente tem não só entre os arquitectos e artistas dos séculos passados, senão também como emblema secreto das fraternidades construtoras de todos os tempos, especialmente medievais, pois nesse símbolo está escondido um dos mais apreciados segredos da Arte.

E também na Arte Real da Vida, que deve ensinar-nos a Maçonaria moderna e futura, esta secção e proporção áurea, que obedece a Lei do Pentagrama, nos indica-nos a áurea medida e o justo meio que devemos buscar em todas as nossas actividades e relações, para que na nossa existência se manifeste toda a Beleza e Harmonia que se encontra no seu Plano Divino.


O número seis

Com o seu ponto central, emblema da consciência e da faculdade da intuição que nasce no centro da Inteligência, o pentagrama mostra o passo do número cinco ao número seis, nascendo este número (como a sexta das cinco primeiros da mesma maneira que a vida nasce e evolui (a semelhança da rosa disposta no meio da cruz) no reino dos quatro elementos que concorrem a formar os corpos inorgânicos.

Com o número seis ingressamos, pois, no domínio da razão humana, ou seja da Inteligência que actua sobre a base dos cinco sentidos e das cinco primeiras faculdades no uso de uma faculdade superior, ou seja da Inteligência que actua sobre a base dos cinco sentidos e das cinco faculdades no uso de uma faculdade superior a mesma razão, e que, a diferencia desta, se manifesta directamente desde o íntimo da nossa própria consciência.

Como emblema da inteligência limitada do homem e da sua bipolaridade que a converte facilmente em escrava da ilusão dos sentidos, o número cinco que a representa, mostra a queda do homem no poder de tal ilusão, aquela queda que se acha simbolizada na lenda da serpente relatada no terceiro capítulo da Génesis.

Em contraposição, o número seis representa a sua regeneração ou redenção, com o nascimento nele, em manifestação activa, de um princípio superior a sua inteligência ordinária, sobre a qual não tem poder a ilusão ou tentação dos sentidos, adquirindo, com o desenvolvimento da tal princípio, o discernimento entre o real e o ilusório, que o conduz a progredir constantemente na senda da Verdade e da Virtude, libertando-se assim por completo do erro e do vício, de toda escravidão exterior e do mal em todas as suas formas.

Este número seis é a mesma letra G que se acha no Centro do Pentagrama. 

Também da forma exterior dos dois signos o evidencia e não se pode dizer com segurança qual dos dois foi mais original e primitivo; só deve notar-se que a cifra que nós usamos para o número seis num princípio significou (e todavia significa na Índia, de onde se derivou) o número sete.

Podemos ver neste símbolo o arco evolutivo que une o ponto superior (imagem da Essência Divina) com o círculo da sua própria manifestação para cima, estabelecendo-se numa disposição receptiva (representada pela linha horizontal da letra G) para expressá-la ou reflecti-la.

É igualmente digna de nota a semelhança que há entre a letra gama do alfabeto grego com a cifra 6 do árabe e com a letra hebraica vo que também tem o valor numérico seis. Tal letra representa mui bem um esquadro no que se unem uma perpendicular ao nível exactamente segundo o significado que tem estes no grau de Companheiro.

O hexagrama

O estudo do número seis leva-nos ao conhecimento do hexagrama ou estrela de seis pontas, formada por dois triângulos entrelaçados, que constitui um símbolo familiar aos ocultistas, geralmente conhecido sob o nome de Selo de Salomão ou “signo do Macrocosmo”, em contraposição com a estrela de cinco pontas, chamada pentagrama ou “signo do microcosmo”.

A estrela de cinco pontas, que acabamos de estudar refere-se, pois, mais particularmente ao homem, chamado microcosmo ou “mundo pequeno” pelos antigos filósofos, enquanto a de seis pontas, que actualmente vamos considerar, é analogamente o símbolo do Universo, chamado também Macrocosmo ou “grande mundo”, sendo uma fiel representação da sua génese e geometria.

Os dois triângulos representam-se ordinariamente como branco ou vermelho o de cima e negro ou azul o de baixo, indicando respectivamente a força ascendente e descendente, o principio masculino ou activo do enxofre, e o princípio feminino e passivo do sal, e as duas hastes verticais, dirigidas em sentidos opostos, que produzem a elevação centrifuga expressa pelo Fogo e o ar, e a gravidade centrípeta manifesta especialmente na Água e na Terra.

Deste símbolo fundamental derivam quatro signos para cada um dos quatro elementos:

fogo acha-se representado pelo triângulo ascendente do enxofre; o ar é o mesmo triângulo cortado ou temperado pela linha horizontal da água, representada pelo triângulo com a ponta para baixo, e a terra vem a ser água secada pela linha horizontal do fogo.

Entrelaçando uma suástica no meio dos dois triângulos, como aparece no gravado, faz-se mais evidente a relação dos dois Princípios, simbolizados pelos mesmos, com os quatro elementos. Outra correlação do hexagrama com a cruz se acha representada no símbolo indicado a direita, usado como emblema distintivo da Ordem Martinista.

O hexagrama expressa muito bem o princípio de analogia e correspondência universal formulado no axioma hermético: “o que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima”, representando neste caso os dois triângulos o mundo divino e mundo material, enquanto que no centro dos dois a estrela vem a representar o mundo subjectivo ou interior do homem, intermédio e veículo para a manifestação de um com o outro.

Esta particularidade faz especialmente fácil a sua construção geométrica, com o auxilio do compasso, e por esta mesma razão pode subdividir-se em seis triângulos equiláteros, cujo angulo chamado Sextil, é o angulo que se abre (ou deverá abrir-se) o compasso, como emblema maçónico, por ser esse ângulo um símbolo universal da Harmonia. Quando estes seis ângulos se acham rectos, essas mesmas três linhas cruzadas e perpendiculares indicaram as 6 direcções do espaço.

Também pode subdividir-se o hexágono segundo as duas linhas que constituem a base dos dois triângulos do hexagrama, resultando assim o quadrilongo das nossas Lojas maçónicas, compreendido entre dois triângulos.

O hexágono é uma figura muito usada na arquitectura, tanto pelo homem como pela Natureza, sendo a figura harmónica por excelência, a que se produz mais naturalmente do círculo, como o demonstram as mesmas células das colmeias. Por esta razão tomam esta forma, na arquitectura orgânica, muitas células vegetais e animais; porém sobre tudo a obedecem os minerais; como pode observar-se especialmente nos cristais e nos agregados moleculares.

O cubo

O cubo relaciona-se, pelas suas duas faces, com o número seis – o segundo entre os cinco sólidos regulares -, que tanta importância tem no simbolismo maçónico por ser o único entre estes que, pelo paralelismo e a rectidão das suas faces, perpendiculares as seis direcções do espaço, pode utilmente aproveitar-se na construção

O Aprendiz, como o Companheiro, devem igualmente dirigir os seus esforços para produzir ou pôr em evidência aquele cubo perfeito, idêntico a pedra filosofal, por meio da qual se realiza o Magistério, ou seja a perfeição individual, que conduz ao homem a um estado evolutivo mais adiantado que o estado humano ordinário. Por esta razão, o cubo perfeito, ou seja a perfeição da Grande Obra maçónica representa ao Mestre, melhor que ao Companheiro.

Sem dúvida, sendo esta perfeição cúbica um estado melhor isolado, com relação a humanidade ordinária o Companheiro (em que se considere como ideal) conformar-se-á no seu estado actual com o que mais se adapta e melhor pode obter-se da sua pedra pessoal e limitada, aproveitando-a em toda a sua extensão; porém polindo todas as suas faces, para que venham lisas e paralelas e possam ser assim da maior utilidade no Edifício Social ao que esta destinada e de onde tem que encher uma função particular. Só quando seja inteiramente experto no seu trabalho, pode aspirar a perfeição cúbica, que fará dele algo mais que um simples companheiro dos seus irmãos.

Porem, sem dúvida, sempre representa o cubo o Ideal da perfeição humana, enquanto se apresente com absoluta igualdaderectidão e paralelismo tetragonal nas três dimensões da vida material, moral e espiritual, enquanto em geral a primeira, que corresponde a longitude, prevalece no estado e actividade ordinários da humanidade.

A estas mesmas três dimensões se refere o uso da nossa “régua de vinte e quatro polegadas” por meio da qual se devem medir proporcionalmente a longitude, largura e altura da pedra, segundo o lugar particular do edifício que tem que ocupar. A primeira deve ser suficiente para que possa o indivíduo encher todas as obrigações inerentes ao seu estado ou posição; a segunda deve assegurar a sua estabilidade, ao mesmo tempo que a do edifício em que se coloca; e a terceira fazer com que os seus esforços contribuam a elevar o meio em que se encontra segundo a elevação que logra alcançar, buscando o seu contacto intimo e individual com a Suprema Realidade.

Enquanto ao número fixo de vinte e quatro polegadas, alusão evidente as vinte quatro horas do dia, mostra que estas devem igualmente aproveitar-se segundo as mesmas dimensões da pedra, dividindo oportunamente o tempo dedicado ao trabalho (longitude da pedra), ao descanso (latitude) e o consagrado a cultura e a elevação espiritual, necessária para que a pedra individual possa contribuir a sua própria elevação e a do edifício social.

Representando ao homem dentro de um cubo, podemos formar-nos uma ideia das três dimensões nas quais a individualidade se desenvolve na sua actividade quotidiana: a longitude corresponde ao alcance das suas mãos; a largura dos seus pés, que asseguram a cada passo estabilidade e equilíbrio, e a altura ao da sua cabeça, que mostra a elevação da sua visão.

O alcance das suas mãos determinará a qualidade e perfeição do seu trabalho e a sua utilidade como força construtora no meio em que actua; o alcance dos pés determinará o seu progresso e a efectividade e valor dos seus esforços; o alcance da cabeça, o seu Ideal e a capacidade de o realizar.

Estendendo num mesmo plano as seis faces do cubo nos apresenta outra vez o símbolo da Cruz, como perfeita medida da extensão do homem, ou seja das suas faculdades e poderes e das suas capacidades activas e realizadoras, indicadas pelas duas dimensões verticais, em união com a horizontal.

homem na cruz vem a ser, por conseguinte, aquele que realiza em si mesmo e na sua existência cúbica perfeição, que, como temos dito, se identifica com o Magistério. 

É, pois, um símbolo iniciático antiquíssimo e da maior importância, em que muito poucos o entendem na sua verdadeira significação.

O Templo Maçónico

O estudo do hexágono e do cubo conduz-nos outra vez ao templo simbólico dos nossos trabalhos no seu duplo aspecto de representação do Universo e do homem.

Como o Universo aparece geralmente a nossa observação em forma esférica ou circular, podemos pensar que esta forma seria muito mais adaptada para representá-lo. Efectivamente, muitos Templos antigos são circulares ou se aproximam a tais ou melhor, como por exemplo, vários hipogeus ou templos subterrâneos da Índia, assim escavados para representar o ovo de Brahma, outro símbolo do mundo.

Também a cúpula hemisfério de muitas igrejas e catedrais é uma evidente alusão a abóbada celeste e patenteia que esta simbólica representação foi o motivo dominante em todas as construções deste género. Enquanto a forma de cruz das basílicas, tão pouco se distancia deste simbolismo, por representar a mesma – os quatro braços da Divindade Criadora, por meio dos quais o Universo se constrói.

No que se refere mais particularmente ao Templo Maçónico, cuja forma mais apropriada é a de um duplo cubo, representa uma quadratura do Universo, da mesma maneira que na pedra cúbica representa ao homem, exactamente como um planisfério simboliza perfeitamente o globo terrestre e a disposição respectiva das terras e dos mares.

Mais ainda, podemos dizer que o pavimento da Loja corresponde exactamente ao planisfério, enquanto indica a superfície da terra. Seguindo esta analogia se considerou dito pavimento como uma perfeita imagem geográfica do mundo conhecido pelos antigos, quer dizer, o mundo circum-mediterrâneo, pondo-se as duas colunas sobre o estreito de Gibraltar, exactamente onde teriam que estar as de Hércules. Grécia teria assim o lugar privilegiada da área (talvez o disputando com a Itália Meridional ou Magna Grécia) e a Síria, com os países que rodeiam ao Oriente.

Porém dita representação não é menos interessante e simbólica se tomarmos o planisfério inteiro, pondo as duas colunas no extremo ocidente, sobre as duas Américas e a área no Egipto ou na Síria, origem dos nossos mistérios. Enquanto ao Oriente, se acha compreendido entre Austrália, China, Japão e o Oceano Pacífico.

Analogamente, o tecto da Loja é uma representação da abóbada estrelada do Céu, como o demonstram os doze signos zodiacais representados nos dois lados Norte e Sul, sobre outras tantas colunas. Estas colunas, que unem a terra com o céu na Arquitectura Cósmica, são emblemáticas dos doze tipos zodiacais, por meio dos quais, no ser do homem se realiza esta união.

Assim, pois, enquanto o pavimento da Loja representa a superfície do globo terrestre e o seu tecto a da esfera côncava do céu, as suas paredes estão formadas pelos mesmos maçons. 

As simbólicas colunas que sustentam o Templo e que se apoiam, com os seus embasamentos, sobre a terra da vida material, enquanto os seus capitéis se levantam livres no céu, representam o titânico esforço do iniciado convertido em Obreiro da Inteligência Universal, para compreender e realizar os seus planos sobre a terra.

O Templo da Vida

O Templo Maçónico não é simplesmente uma imagem do Universo, senão também uma representação do Templo da Vida Individual, que cada um de nós, pelos seus esforços, levanta em si mesmo para a glória ou expressão do Supremo Princípio ou Grande Arquitecto.

Esta glória do Grande Arquitecto, que cada Maçom deve esforçar-se constantemente em encarnar, é outro significado da letra G, não menos importante que os sete sentidos de que temos falado ao interpretar o significado da cerimónia de recepção.

E conduz-nos muito próximo da interpretação que os maçons anglo-saxões dão a esta mesma letra, quer dizer God ou Deus.

Nós somos outras tantas manifestações da Vida Divina, que busca constantemente uma sempre mais perfeita expressão de si mesma na nossa consciência e personalidade, em tudo o que somos e fazemos. Por esta razão, toda a nossa vida e actividade é um esforço construtor que, uma vez bem dirigido, se resolve num conjunto harmónico que revela uma arquitectura particular, que bem pode chamar-se Templo, individualmente levantado a Glória do Divino Princípio que mora “nos céus” do nosso ser, e do que somos ao mesmo tempo construtores, sacerdotes e devotos.

Esta alegoria que considera ao ser humano e a sua vida e actividade como um Templo, é antiquíssima. Encontramos particulares referências sobre a mesma nos Evangelhos, cujo conjunto pode considerar-se como a mais explícita declaração de tudo o que se acha expressado, em forma mais obscura e de difícil interpretação, nos livros do Antigo Testamento, e nas Escritura de outras religiões, já que todas indistintamente tem um valor simbólico.

Jesus fala muitas vezes do seu corpo como de um Templo, e promete reconstruí-lo em três dias depois da sua destruição, São Paulo faz referência a esse mesmo Templo na sua primeira epistola aos Coríntios (3-16) nos termos seguintes: “Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus mora em vós?“.

Tal palavras mostram como este simbolismo do Templo, considerando como tal ao homem mesmo, devia ser então bastante conhecido e difundido, e é de crer que São Paulo falou dele a iniciados, melhor que aos profanos, como de coisas que eles podiam entender perfeitamente.

Reconhece pois o Companheiro esta gloriosa qualidade da sua vida individual que, qualquer que seja a sua aparência exterior, nunca pode chegar a ser indigna ou mesquinha, uma vez que a reconheça como directa expressão do Único Princípio do Universo Estrutura do Cosmo, como o é também, em diferentes graus, a vida de toda coisa e de todo ser.

Os cinco princípios do homem

O estudo que de nós mesmos devemos fazer no nosso grau de Companheiros conduz-nos a reconhecer em nós cinco princípios distintos que concorrem a formar a complexa Arquitectura do nosso ser.

Estes cinco princípios construtivos do homem podem muito bem simbolizar-se nas três partes constitutivas de toda coluna: base, fuste e capitel, e o pedestal e a arquitrave ou cornijamento que completam a arquitectura de um edifício.

Começando de baixo acima, o pedestal que se apoia sobre a terra da vida material, representa evidentemente o nosso corpo físico visível, a manifestação exterior ou cortical do nosso ser, por meio do qual nos consideramos como seres orgânicos, dotados de vida e de razão.

base que descansa sobre aquela aparece como um simples duplo ou duplicado do corpo, feito de maneira que pode sustentar o fuste da coluna que constitui a expressão personal da nossa individualidade inteligente. A base corresponde, portanto, ao duplo do corpo ou “alma sensível”, chamado também corpo astral pelos teósofos e ocultistas e periespirito pelos espiritas.

Enquanto o corpo é o órgão da acção, a Alma sensível é o instrumento interior da sensação e da emoção que recebe e transforma em sensações as impressões exteriores e reflecte em emoção ou “movimento interior” todo impulso activo e evolutivo.

fuste da Coluna constitui com razão a parte mais desenvolvida no edifício da nossa arquitectura individual por ser a que no estado evolutivo humano predomina pela sua importância e valor. Representa, pois a nossa Mente ou Inteligência, assento da individualidade e origem da personalidade, ou seja o princípio presente, no que vivemos a nossa vida interior, elaborando ou preparando no mesmo, os planos da nossa actividade ou construção externa.

O nosso “eu” é o oco central da Coluna, que tem que ser individualmente perfurado em toda a extensão da mesma, para que possa estabelecer aquela perfeita comunicação de cima abaixo e de baixo acima que caracteriza a evolução superior do homem, e faz do fuste da coluna a verdadeira Arvore da Vida do que nos fala simbolicamente o Genesis, e sobre o qual nos reservamos dizer algo mais noutro volume desta série.

Efectivamente, a Coluna Individual do iniciado deve ser oca, e neste se distingue das colunas profanas nas que predomina a inércia obscura e subconsciente da sua massa material. Por meio dos toques, pode o Maçom assegurar-se desta qualidade interior que produz uma ressonância correspondente, com a que se distingue ao iniciado do profano, incapaz de “ressoar” ou responder ao toque simbólico da Verdade.

Quanto melhor e mais desbloqueado seja o oco interior, melhor será em correspondência a qualidade do metal em que se transforma a pedra, e mais clara e harmónica a ressonância emitida.

Porque a verdadeira coluna do Companheiro é metálica, e precisamente de bronze (o metal que melhor conserva a sua pureza interior), e não de pedra, como a do Aprendiz.

Sobre toda coluna deve haver, ademais, um capitel, de uma qualquer das cinco ordens, devendo, naturalmente, o fuste da coluna estar em harmonia com o tipo de capitel que se acha destinado a suportar. O capitel corresponde, por consequência, ao princípio que coroa transcendendo e completando a nossa Inteligência ordinária manifestando-se nesta como a luz da Intuição.

Este Princípio, que corresponde ao Nous platónico e ao Daimon socrático, é a nossa Alma Espiritual, origem do Génio individual que o Companheiro deve esforçar-se em buscar na sua última viagem e que determina a beleza e perfeição do capitel da coluna e da ordem ou grau evolutivo ao que pertence.

Dito princípio é o “Cristos” ou “Crestos” dos iniciados gnósticos, do que nos fala São Paulo como algo que há de crescer e manifestar-se individualmente em nós, fazendo-nos (com o seu baptismo do Fogo e do Espírito Santo) cristãos no sentido iniciático da Palavra. 

Por meio do mesmo nos relacionarmos com o arquitrave, ou seja o Espírito, ou Principio Universal da Vida, ou Quinto e Supremo Principio impessoal do homem, do qual sua Coluna individual há de ser uma sempre mais clara, perfeita e gloriosa expressão.



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