O Maçom e a consciência das coisas ...

 

consciência

consciência e a ignorância são forças opostas na construção do entendimento humano. 

A consciência permite-nos perceber, reflectir e compreender o mundo ao nosso redor, enquanto a ignorância limita essa percepção, seja por falta de conhecimento, descuido ou até recusa em aprender.

A consciência das coisas pode ser vista como um processo contínuo de evolução. Quanto mais buscamos o conhecimento, mais expandimos a nossa visão e diminuímos as sombras da ignorância. 

No entanto, a consciência também nos impõe que aquele que sabe não pode agir como se não soubesse, pois o conhecimento exige comprometimento, discernimento e acção ética.

A ignorância, por outro lado, pode ser tanto um estado natural quanto uma escolha. 

Todos nascemos ignorantes, mas temos a capacidade de aprender. Porém, há aqueles que preferem permanecer na ignorância, seja por comodismo, medo ou resistência à mudança. 

Em alguns casos, a ignorância pode ser útil para evitar preocupações desnecessárias, mas, no geral, ela afasta-nos da verdade e torna-nos vulneráveis à manipulação.

Na perspectiva maçónica, combater a ignorância é um dever. 

O Maçom deve buscar a luz do conhecimento e trabalhar para que outros também encontrem esse caminho. A ignorância não é apenas falta de informação, mas também a ausência de questionamento e reflexão. 

E a consciência plena das coisas não é apenas saber, mas compreender com profundidade, agir com sabedoria e transformar o conhecimento em algo útil para si e para a sociedade.

Há também um ponto importante que lembra que o conhecimento ou a consciência das coisas traz em si a responsabilidade moral pelo uso ou não dele. 

A consciência das coisas não é apenas um estado de saber, mas um compromisso moral com o que se sabe. 

O conhecimento traz consigo um peso: aquele que compreende não pode fingir ignorância sem trair a sua própria consciência. Este princípio é fundamental na ética maçónica e em diversas tradições filosóficas.

A responsabilidade moral do conhecimento manifesta-se de várias formas:

  1. Uso do conhecimento – Saber algo e utilizá-lo para o bem ou para o mal define o carácter de quem detém este saber. Um médico que entende como curar tem a obrigação de ajudar, assim como um líder que compreende a verdade não pode manipular aqueles que ainda vivem na ignorância.
  2. Omissão – Não usar o conhecimento também pode ser um acto de negligência. Se alguém vê uma injustiça e tem consciência do erro, mas se cala, torna-se cúmplice por omissão.
  3. Compartilhamento – Aquele que sabe tem o dever de ensinar e iluminar outros. A Maçonaria, por exemplo, não busca o conhecimento apenas para si, mas para a elevação da humanidade.
  4. Autodomínio – Nem todo conhecimento deve ser usado indiscriminadamente. Saber algo não significa que se deve aplicá-lo sem reflexão. A sabedoria está em reconhecer quando, como e se o conhecimento deve ser utilizado.

Assim, consciência e responsabilidade são inseparáveis. Quanto maior a luz que recebemos, maior a sombra que podemos projectar se não agirmos com rectidão.

Daí a imensa responsabilidade em conduzir os primeiros passos daqueles que entram nos portais da Ordem Maçónica, ensinando o que já aprendeu ao longo do tempo e orientando-os às melhores práticas.

A iniciação maçónica não é apenas uma cerimónia simbólica; é um compromisso com a busca do conhecimento e com a responsabilidade de orientar aqueles que chegam. 

Quem já percorreu parte do caminho tem o dever moral de guiar os novos irmãos, pois sabe das dificuldades, dos desafios e das tentações que podem desviar alguém do verdadeiro propósito da Ordem.

A Maçonaria sustenta-se na transmissão do conhecimento. 

O Aprendiz recebe as primeiras luzes, mas ainda não sabe como aplicá-las. Cabe aos Companheiros e Mestres ensinar, corrigir e inspirar, pois a caminhada não é solitária – é uma jornada colectiva em direcção à perfeição moral e intelectual.

Há uma tríplice responsabilidade nesse processo:

  1. Ser um exemplo vivo — O melhor ensinamento vem do comportamento. De nada adianta falar sobre virtude, honra e disciplina se o próprio condutor não as pratica. O novo iniciado observa mais do que ouve.
  2. Transmitir o conhecimento correctamente — O ensinamento deve ser dado de forma clara, sem distorções. A tradição maçónica é rica e profunda, e a sua transmissão exige fidelidade aos princípios e paciência para explicar o que ainda não é compreendido.
  3. Orientar, mas não impor — A Maçonaria ensina pela simbologia e pelo questionamento. O iniciado precisa descobrir por si próprio, mas isso não significa deixá-lo sem direcção. O papel do instrutor é apontar os caminhos, mas permitir que cada um construa a sua própria compreensão.

Por isso, ser um Mestre na Ordem não significa apenas ter um título; significa carregar a responsabilidade de iluminar os outros com a mesma luz que um dia recebeu. 

Quem oculta o conhecimento ou se omite na orientação não apenas falha com os novos irmãos, mas também trai a própria missão da Maçonaria.

Giovanni Angius, MI, 33º REAA – ARLS Orvalho do Hermon nº 21 – Grande Loja Maçónica do Estado do Espírito Santo – Brasil

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