O argumento ontológico sobre a existência de Deus.

 



Na tradição filosófica, uma das abordagens mais antigas e discutidas sobre a existência de Deus é o argumento ontológico.


Proposto inicialmente por Anselmo de Canterbury, este argumento sustenta que a existência de Deus é necessária e implícita no próprio conceito de um ser supremo.

Segundo Anselmo, Deus é aquilo que não pode ser concebido de outra forma, ou seja, o maior ou mais perfeito ser pensado. Em termos filosóficos, Deus é um ser necessário, cuja existência não depende de mais nada.

Este argumento parte da ideia de que se podemos conceber Deus como o ser mais perfeito, então a existência deve realmente fazer parte da sua natureza.

Se Deus não existisse, então existiria algo maior do que Ele, ou seja, algo que não só seria perfeito em Sua essência, mas também em Sua existência, o que seria contraditório.

Neste sentido, a existência de Deus não é apenas uma questão de fé, mas uma conclusão lógica derivada da própria definição de "Deus" como ser perfeito.
No Hermetismo, a concepção de Deus ou de Todo não é abordada como um argumento lógico, mas como uma experiência profunda de unidade e emanação. Segundo a doutrina hermética, Deus é o Um, a Fonte Primordial, sem começo nem fim, que se manifesta em toda a criação.
No Corpus Hermeticum, dizem-nos que o "Tudo é um" e que este Um é a fonte de toda a vida.

Não se trata de um ser separado do cosmos, mas de um princípio puro, indivisível, que se manifesta em tudo o que foi criado. A reflexão hermética sobre Deus não se baseia em um raciocínio abstrato, mas em uma experiência direta de união com o divino. Deus não é o objeto de uma busca lógica, mas o fundamento do

No Hermetismo clássico, a existência de Deus não precisa ser demonstrada por um argumento como o ontológico, porque Deus não é uma ideia separada que possa ser compreendida exclusivamente pela mente racional.

Deus é o princípio de todas as coisas, a essência e a causa última de tudo que existe.
Essa verdade é mais reconhecida através da experiência direta, do trabalho espiritual e da meditação, onde se descobre que tudo o que existe emana de uma única fonte, e essa fonte é Deus, o Um.
Hermes Trismegisto ensina que, no início, "o Tudo é Um" e deste Um surge tudo o que foi manifestado.
Este "Um" não é um ser no sentido humano, mas um princípio puro e transcendental, do qual tudo emana. Deus, ou o Um, é a causa principal, mas não em um sentido temporal, mas como a raiz de todas as causas.

A manifestação de Deus ocorre em diferentes níveis de existência, que podem ser compreendidos pelo iniciado através do estudo das emanações.
A Qabalah Hermética, assim como a filosofia hermética, descreve Deus como Ein Sof, o Infinito, o Ser absoluto que transcende todas as formas.

Deste princípio supremo surgem as esferas da Árvore das Vidas, desde as mais altas esferas até as mais densas, onde a manifestação da divindade se torna perceptível através das forças cósmicas.
O Hermetismo ensina que Deus não é alheio à criação, mas que tudo o que existe está impregnado com o divino.

Assim, não se trata de um ser transcendente e inacessível, mas de uma energia universal que tudo o permeia e sustenta. O "Tudo" de Deus se reflete no "Tudo" do universo, e o iniciado hermético procura experimentar esta unidade compreendendo que o microcosmo humano é um reflexo do macrocosmo divino.
O trabalho espiritual no Hermetismo não é, portanto, uma questão de procurar um ser distante ou fora de nós, mas de reconhecer que a divindade está em tudo o que existe, e em particular, em nós mesmos.

O caminho hermético é um de autoconhecimento, onde o iniciado busca alcançar uma união consciente com o princípio divino, transcendendo as ilusões de separação entre o ser humano e Deus.
Assim, no Hermetismo, a existência de Deus não é abordada por raciocínio lógico, mas pela experiência direta da unidade cósmica. Deus, ou o Um, não é um conceito que deve ser testado com a mente, mas uma realidade vivida pelo iniciado que, através da meditação e compreensão profunda da criação, reconhece que tudo o que existe é uma emanação do divino.

A divindade não está separada da criação, mas é a essência que permeia tudo, e é através desse reconhecimento que o iniciado hermético se aproxima da verdadeira sabedoria.
Este processo não é sobre demonstrar a existência de Deus, mas sobre viver a experiência da divindade, compreender que a única realidade verdadeira é a unidade de todas as coisas no princípio divino.

Ainda assim, o estudo racional de Deus não é demais, especialmente como um ponto de partida para aquele que busca entender a natureza do Todo antes de entrar na experiência mística ou esotérica.

Também é uma base sólida para pessoas de qualquer indole ou credo, já que a filosofia fornece uma terra firme para a exploração ao transendental ...

Comentários